Fatores estruturais ligados às propriedades físicas, biodisponibilidade de nutrientes e à satisfação dos alimentos serão foco do evento Advances in Molecular Structuring of Food Materials (Wikimedia)

Engenharia de alimentos será tema de Escola São Paulo de Ciência Avançada
10 de outubro de 2012

Fatores estruturais ligados às propriedades físicas, biodisponibilidade de nutrientes e à satisfação dos alimentos serão foco do evento Advances in Molecular Structuring of Food Materials

Engenharia de alimentos será tema de Escola São Paulo de Ciência Avançada

Fatores estruturais ligados às propriedades físicas, biodisponibilidade de nutrientes e à satisfação dos alimentos serão foco do evento Advances in Molecular Structuring of Food Materials

10 de outubro de 2012

Fatores estruturais ligados às propriedades físicas, biodisponibilidade de nutrientes e à satisfação dos alimentos serão foco do evento Advances in Molecular Structuring of Food Materials (Wikimedia)

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Nutrição e saúde têm sido temas centrais para a ciência e a engenharia de alimentos, mas os pesquisadores dessas áreas começam cada vez mais a se interessar por outro aspecto do universo da alimentação: o prazer de comer.

Em abril de 2013, alguns dos principais especialistas internacionais da área se reunirão em Pirassununga (SP) para discutir os avanços científicos que permitem conhecer e manipular os fatores estruturais capazes de garantir o prazer e a satisfação do consumidor de alimentos naturais ou processados.

O evento Advances in Molecular Structuring of Food Materials será realizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) –modalidade de apoio da FAPESP – pela Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP), entre os dias 1º e 5 de abril.

De acordo com o coordenador da escola avançada, Paulo Sobral, professor do Departamento de Engenharia de Alimentos da FZEA-USP, o evento terá o objetivo principal de contribuir com o avanço da discussão sobre um enfoque da ciência e tecnologia de alimentos que ainda é pouco desenvolvido no Brasil.

“Comemos pela nutrição e pela saúde, mas principalmente porque gostamos. No Brasil, as pesquisas ainda estão muito focadas em questões relacionadas às análises que garantem a segurança dos alimentos, mas a questão do prazer de comer fica em segundo plano. Em outros centros, no entanto, esse debate ganha cada vez mais força”, disse Sobral à Agência FAPESP.

Questões sobre os efeitos do processamento e condicionamento da matéria- prima e dos alimentos e sobre as características estruturais de seus componentes serão abordadas na escola.

“Além do olfato e da afinidade ou aversão ao gosto, um dos principais atributos que interferem no paladar é a textura. No entanto, não é possível determinar um padrão geral de textura, porque esse fator está ligado à expectativa do consumidor. A expectativa para alguns produtos é de crocância e consistência, enquanto para outros é de maciez. Tudo isso será assunto de discussões avançadas na escola”, disse Sobral.

Segundo o pesquisador, os fatores ligados à satisfação e ao prazer de comer são tão cruciais que não se limitam apenas à relevância comercial para a indústria do alimento. As características prazerosas do alimento têm um impacto cultural muito grande.

“Já foram registradas situações em que remessas de auxílio humanitário enviadas para a África foram desperdiçadas porque a população local, mesmo sofrendo com a fome, não conseguia se adaptar às características do alimento recebido”, disse.

A ESPCA Advances in Molecular Structuring of Food Materials financiará a participação de 100 alunos, sendo 60 estrangeiros e 40 brasileiros.

Serão selecionados outros 100 estudantes que poderão participar por conta própria. “Além dos 100 alunos financiados, abrimos outras 100 vagas que serão distribuídas em três categorias: jovens doutores, professores e estudantes brasileiros”, explicou Sobral.

Mesas, seminários e visitas

A programação prevê a realização de três mesas-redondas. O tema “Aperfeiçoando a biodisponibilidade de nutrientes” será debatido por Yrjo Roos, da Universidade de Cork (Irlanda), António Vicente, da Universidade do Minho (Portugal), e Miriam Hubinger, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

“Processos inovadores de estruturação de alimentos” será o tema de José Miguel Aguilera, da Universidade Católica do Chile, John Mitchell, da Universidade de Nottingham (Reino Unido), e Carmen Tadini, da USP.

“Alimentos para viagens espaciais” será o tema de debate para R. Paul Singh, da Universidade da Califórnia em Davis (Estados Unidos), Gustavo Barbosa-Cánovas, da Universidade Estadual de Washington (Estados Unidos), e Gustavo Gutierrez-López, do Instituto Politécnico Nacional do México.

“Além das mesas-redondas, teremos uma série de seminários com duração de duas a três horas cada, nos quais quatro professores brasileiros abordarão produtos alimentares específicos, enquanto os docentes estrangeiros apresentarão temas mais teóricos e gerais”, contou Sobral.

Um dos dias da Escola será reservado para visitas a laboratórios em Campinas (SP). “Temos a expectativa de que a interação internacional proporcione oportunidades para que alguns dos alunos estrangeiros se interessem em voltar ao Brasil e, principalmente, que nossos alunos sejam estimulados a desenvolver estudos no exterior, depois de ter acesso, na Escola, a cientistas que eles só conheciam a partir de livros e artigos”, disse.

As inscrições para a seleção de alunos interessados em participar da Escola poderão ser feitas até o dia 1º de novembro. A língua oficial do evento será o inglês, sem tradução simultânea.

Mais informações: http://spsas.vitis.uspnet.usp.br/molecularstructuringfood
 

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