Mario Molina, prêmio Nobel de Química, mostra como as cidades podem se proteger da poluição do ar
(foto: E. Geraque)
Em conferência realizada em São Paulo, Mario Molina, vencedor do Nobel de Química, apresenta a receita para que as populações das grandes metrópoles do mundo possam respirar ar mais limpo
Em conferência realizada em São Paulo, Mario Molina, vencedor do Nobel de Química, apresenta a receita para que as populações das grandes metrópoles do mundo possam respirar ar mais limpo
Mario Molina, prêmio Nobel de Química, mostra como as cidades podem se proteger da poluição do ar
(foto: E. Geraque)
Agência FAPESP - Mario Molina conhece bem o que significa poluição atmosférica urbana. Não apenas por ter ganho o Prêmio Nobel de Química em 1995, por pesquisas com a camada de ozônio, mas também por ter nascido e crescido na Cidade do México, uma das mais poluídas do mundo ao lado de São Paulo. Aos 63 anos, o engenheiro químico dedicou toda a sua vida profissional a esse tema.
"Para tentar melhorar o ar das grandes cidades temos que levar em consideração quatro pontos importantes", disse à Agência FAPESP. Segundo Molina, que participa do Congresso do Ar Limpo para as Cidades da América Latina, que termina nesta quinta-feira (27/7), em São Paulo, são pontos relacionados com as fontes móveis de emissão de contaminantes atmosféricos: automóveis de passeio, motos, caminhões e ônibus.
Uma das primeiras ações que devem ser estimuladas, segundo o pesquisador, é a renovação da frota veicular. Um automóvel com mais de dez anos é em média 70 vezes mais poluente do que um zero-quilômetro.
"Além disso, por causa do impacto da frota veicular, é preciso que as normas que regulam as emissões sejam cada vez mais restritivas", afirmou Molina, que, além de presidente do Centro Mario Molina para Estudios Estratégicos sobre Energia e Meio Ambiente, no México, é professor da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos.
Outra forte necessidade, segundo ele, é a produção de combustíveis menos sujos. Tanto no México como em São Paulo, a gasolina queimada pelos motores, por exemplo, ainda contém enxofre. O tipo de diesel utilizado também é altamente poluente.
A quarta estratégia, que será uma das mais discutidas nos três dias da conferência, é igualmente importante. "Um bom planejamento do transporte público é a maneira mais adequada de retirar os veículos das ruas", disse Molina. Corredores de ônibus, desde que com veículos elétricos ou que usem combustíveis que emitam pouca quantidade de carbono para a atmosfera, são vistos com bons olhos.
"Claro que essas quatro ações passam pela vontade política. É por isso que cientistas e gestores precisam discutir ao redor da mesma mesa. É o que estamos fazendo no México. E podemos dizer que, apesar dos vários grupos políticos na zona metropolitana mexicana, estamos conseguindo trabalhar bem e enfrentar a poluição", afirmou.
Com relações bem conhecidas entre poluição do ar e agravamento na saúde da população, Molina contou que o ar contaminado das grandes cidades pode ter um impacto muito grande no aumento da quantidade dos gases que fazem aumentar o efeito estufa.
"É isso que estamos estudando no momento no Projeto Milagro [Megacity Initiative: Local and Global Research Observations]: a relação entre o local e o global. Mas é claro que as condições do planeta estão sendo alteradas, sejam climáticas, químicas ou hidrológicas. A Terra, sem dúvida, está cada vez mais frágil", disse.
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