A tecnologia substitui o procedimento manual por equipamento dotado de um hardware embarcado e um sistema eletromecânico com sensor e atuador para aplicação autônoma, sem participação do piloto, com economia de agrodefensivo e combustível (foto: Divulgação)
Pesquisadores de São José dos Campos tiveram apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas para desenvolver tecnologia
Pesquisadores de São José dos Campos tiveram apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas para desenvolver tecnologia
A tecnologia substitui o procedimento manual por equipamento dotado de um hardware embarcado e um sistema eletromecânico com sensor e atuador para aplicação autônoma, sem participação do piloto, com economia de agrodefensivo e combustível (foto: Divulgação)
Diego Freire | Agência FAPESP – O uso de aeronaves é um dos meios mais comuns para a aplicação de agrodefensivos em cultivos, mas a realização manual do processo leva a desperdício de material e pode comprometer a precisão e a segurança. Para minimizar eventuais prejuízos, pesquisadores de uma empresa de São José dos Campos (SP) desenvolveram, com o apoio da FAPESP, uma linha de produtos customizados para automatização de processos da aviação agrícola.
A tecnologia foi desenvolvida por meio do projeto SECA: Sistema Embarcado de Controle Automático: desenvolvimento de um novo algoritmo e equipamento para automatização da aplicação de agrodefensivos em aeronaves agrícolas, realizado na NCB Sistemas Embarcados Ltda. com apoio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).
O procedimento tradicional é realizado ao longo do voo de uma aeronave sobre faixas paralelas e perpendiculares de cultivo, perpendicular ao sentido do vento, com algumas passagens repetidas sobre determinados segmentos na tentativa de garantir a cobertura total da área desejada.
A tecnologia desenvolvida pela NCB, uma empresa de base tecnológica criada em 2006, substitui o procedimento de controle e atuação manual por um equipamento dotado de um hardware embarcado de tempo real e um sistema eletromecânico com sensor e atuador que, integrado aos demais componentes da plataforma, auxilia na realização da aplicação autônoma, sem participação do piloto, podendo gerar uma economia de, no mínimo, 10% de agrodefensivos e de 5% de combustível.
“É preciso agregar mais tecnologia à agroindústria nacional para desenvolvê-la dentro da nossa realidade, adequada às necessidades locais, e a automatização dos processos é parte fundamental disso, facilitando a vida do agricultor e diminuindo seus custos, que já são altos com a compra de agrodefensivos. A NCB tem foco no desenvolvimento de produtos que promovem o uso sustentável dos insumos e recursos envolvidos no processo de pulverização. Para isso, desenvolve equipamentos e sistemas de software para aeronaves agrícolas visando a aplicação sustentável de defensivos”, disse Fernando Garcia Nicodemos, sócio-diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa.
FLuX I
O primeiro dos componentes desenvolvidos é o FLuX I, um fluxômetro utilizado para o acompanhamento em tempo real da vazão do agrodefensivo aplicado.
Com ele, o piloto pode calcular diretamente no equipamento a vazão ideal de aplicação e a quantidade total do insumo aplicado por meio de um totalizador. Além disso, é possível realizar uma calibração simplificada de modo que a vazão monitorada represente realmente a do insumo aplicado, evitando-se o desperdício.
O equipamento é composto por um monitor digital, que deve ser instalado no painel da aeronave, e de um sensor do tipo turbina acoplado a um filtro, instalado na tubulação da parte externa inferior. De acordo com Nicodemos, “a tecnologia é de fácil instalação e compatível com todos os modelos de aeronaves em uso no país”.
Para chegar ao produto, os pesquisadores envolvidos no projeto desenvolveram um novo algoritmo de controle para a automatização da aplicação de agrodefensivos e trabalharam em atividades de modelagem para sua validação em ambiente simulado.
Com o resultado, a empresa trabalha agora na certificação da linha de produtos junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), na produção de lotes para campanhas comerciais e na fabricação e criação de itens de demonstração, treinamento e divulgação para representantes. Para isso, o projeto Desenvolvimento técnico e comercial da linha de produtos para navegação e automação da aplicação de agrodefensivos em aeronaves agrícolas contou com apoio da FAPESP na modalidade Finep-PAPPE-PIPE III.
“Esperamos agora obter sucesso na comercialização da inovação da linha de produtos, atingindo uma fração do mercado de aviação agrícola ao oferecer a automatização da aplicação de defensivos agrícolas visando o equilíbrio econômico, social, ambiental e de segurança”, afirmou Nicodemos.
De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro da Anac, todas as aeronaves registradas no Brasil em 2010 possuíam equipamentos básicos de navegação, mas apenas duas fabricantes estrangeiras eram responsáveis por 90% deles.
Para Nicodemos, a saída está no desenvolvimento nacional da agricultura de precisão, com sistemas eletrônicos embarcados de orientação e navegação em veículos terrestres e aéreos, como pulverizadores, tratores, colheitadeiras e aeronaves agrícolas.
“O mercado brasileiro ainda se encontra no patamar do controle manual da aplicação de agrodefensivos, utilizando componentes majoritariamente mecânicos, sendo o acionamento manual da válvula de abertura feito pelo piloto, que inicia e interrompe o processo a cada aplicação. Trata-se de um processo pouco preciso e que oferece pouca segurança”, avalia.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.