Embrapa colabora com México e Jamaica para salvar coqueiros
04 de julho de 2003

Amarelecimento letal do coco tem mudado paisagens de praias tropicais de lugares como o Caribe e pode atingir o Brasil em breve

Embrapa colabora com México e Jamaica para salvar coqueiros

Amarelecimento letal do coco tem mudado paisagens de praias tropicais de lugares como o Caribe e pode atingir o Brasil em breve

04 de julho de 2003

 

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) será contratada pelo Coconut Industry Board, da Jamaica, e pelo Ministério da Agricultura do país para pesquisar a cura de uma doença que está matando grande parte dos coqueiros daquele país, conhecida como amarelecimento letal do coco.

A doença torna as palmeiras amarelas, antes de desfolhá-las completamente, deixando apenas o tronco sem vida, fincado no solo. Vem se espalhando pelo mundo, já tendo atingido o Sudeste Asiático, Havaí, México, América Central e Caribe.

Como o avanço se dá pelas áreas costeiras a uma velocidade de 100 quilômetros por ano, o problema poderá atingir o Brasil em breve. No Havaí e na Jamaica, a paisagem de praias paradisíacas vem se modificando drasticamente com a extinção das palmeiras.

Com o objetivo de estabelecer uma colaboração com outros países para encontrar uma cura para a doença antes que ela atinja o Brasil, o técnico Jefferson Costa, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, acaba de participar de reuniões de trabalho no México e na Jamaica.

Após apresentação da situação, pesquisadores e diretores estabeleceram estratégias para dar início aos trabalhos de controle da doença. O ministro da Agricultura da Jamaica e o Coconut Industry Board farão uma solicitação formal à Embrapa e ao governo brasileiro para estabelecer o contrato de pesquisa colaborativa entre as instituições visando testar as populações brasileiras quanto à tolerância ao amarelecimento letal e realizar o intercâmbio de germoplasma.

No México, o pesquisador visitou o Instituto de Investigações Florestais (Inifap), onde existe um reconhecido programa de melhoramento do coqueiro, que já gerou cinco híbridos originários de cruzamentos da espécie conhecida como anão amarelo da Malásia com populações mexicanas do coqueiro gigante do Pacífico. Com esses híbridos, 2.500 hectares já estão plantados em áreas que anteriormente tiveram coqueirais devastados pelo amarelecimento letal.

A Embrapa e o Inifap deverão fazer um contrato complementar ao contrato "guarda-chuva" existente, para a realização de pesquisa colaborativa objetivando a troca de germoplasma e o teste de populações brasileiras do coqueiro quanto à resistência ao amarelecimento letal, em Chatumal.

O Brasil deverá receber do México ainda cinco populações de coqueiro com resistência ao amarelecimento letal. Toda a troca do germoplasma será efetuada por embriões que serão regenerados através de cultura de tecidos na Embrapa Tabuleiros Costeiros e no Centro de Investigações Científicas de Yucatã (CICY), uma das instituições líderes no mundo em pesquisas avançadas com o coqueiro.

O CICY enviará, ao Brasil, embriões das populações de coqueiro com resistência ao amarelecimento letal, originárias da costa do Pacífico. A Embrapa Tabuleiros Costeiros deverá, em contrapartida, enviar seis populações, as mesmas que serão testadas na Jamaica e no Inifap em busca de resistência ao amarelecimento letal.


Por André Muggiati


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