Estudo da Fiocruz conclui que o filme plástico utilizado para revestir os alimentos contém aditivos químicos que podem contaminá-los (foto: Peter Illicciev/Fiocruz)

Embalagens sob suspeita
04 de junho de 2004

Estudo realizado na Fundação Oswaldo Cruz conclui que o filme plástico utilizado para revestir os alimentos contém aditivos químicos que podem contaminá-los. A pesquisa mostra a presença de produtos tóxicos 50 vezes acima do índice considerado ideal

Embalagens sob suspeita

Estudo realizado na Fundação Oswaldo Cruz conclui que o filme plástico utilizado para revestir os alimentos contém aditivos químicos que podem contaminá-los. A pesquisa mostra a presença de produtos tóxicos 50 vezes acima do índice considerado ideal

04 de junho de 2004

Estudo da Fiocruz conclui que o filme plástico utilizado para revestir os alimentos contém aditivos químicos que podem contaminá-los (foto: Peter Illicciev/Fiocruz)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, concluiu que os filmes plásticos de policloreto de vinila (PVC), utilizados para revestir embalagens alimentares, contêm substâncias tóxicas que podem migrar para alimentos gordurosos como queijo, carne bovina ou frango.

O problema é causado por dois aditivos usados para dar flexibilidade aos filmes plásticos: o DEHP, ftalato de di-(2-etil-hexila), e o DEHA, adipato de di-(2-etil-hexila). Segundo Shirley Abrantes, pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (Incqs), essas substâncias se mostraram ligadas ao desenvolvimento de câncer de fígado e a problemas de fertilidade. A pesquisadora, entretanto, ressalta que os resultados foram obtidos apenas em testes com animais.

De acordo com o estudo, a migração ocorre com mais intensidade em alimentos gordurosos devido à semelhança entre a composição química desses e a dos aditivos utilizados pela indústria alimentícia. Foram analisadas uma série de amostras do filme plástico para quantificar a presença dos aditivos químicos e a taxa de migração dessas substâncias para os alimentos.

O material analisado, segundo Shirley, apresentou teores de DEHP de 33,17%. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estipula que, para a armazenagem de alimentos com mais de 5% de gordura, pode haver apenas 3% do DEHP no plástico. Além disso, foi constatado uma presença média de 14,7% da substância DEHA nos plásticos analisados.

"Foi encontrada uma taxa de migração do DEHP para os alimentos de 156,34 mg/kg, um valor 50 vezes superior ao ideal. O limite máximo fixado pela União Européia é de 3 mg/kg. Para o DEHA, que tem um valor permitido de 18 mg/kg, foi verificada uma taxa de migração de 147,41 mg/kg", disse Shirley à Agência FAPESP.

O estudo mostrou ainda que todo o produto está sujeito a contaminação, e não apenas a parte em contato com o filme plástico. Isso porque os aditivos têm a tendência de se difundir por todo o alimento.


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