Para Evando Mirra, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, a agenda nacional precisa ser reforçada para que o quadro se consolide (foto: E. Geraque)

Em processo de construção
19 de julho de 2005

A curva de crescimento da ciência e tecnologia ainda não atingiu seu ponto de inflexão no Brasil. Para Evando Mirra, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, a agenda nacional precisa ser reforçada para que o quadro se consolide

Em processo de construção

A curva de crescimento da ciência e tecnologia ainda não atingiu seu ponto de inflexão no Brasil. Para Evando Mirra, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, a agenda nacional precisa ser reforçada para que o quadro se consolide

19 de julho de 2005

Para Evando Mirra, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, a agenda nacional precisa ser reforçada para que o quadro se consolide (foto: E. Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Fortaleza

Agência FAPESP - "Ciência e tecnologia é uma forma de vida, uma aventura coletiva." A partir desse ponto de vista, Evando Mirra, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), defendeu alguns pontos essenciais de uma agenda voltada para o crescimento ainda maior do sistema de ciência e tecnologia brasileiro.

"A nossa base está equilibrada. O perfil de competência do Brasil é igual ao dos países desenvolvidos", disse Mirra à Agência FAPESP. O professor proferiu a palestra Modelos brasileiros de governança de ciência e tecnologia na 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza. O evento foi apresentado por Carlos Vogt, vice-presidente da SBPC e presidente da FAPESP.

Depois de os indicadores brasileiros mostrarem um vigor crescente nas últimas décadas – antes de 1973 o Brasil não aparecia nas listas dos sistemas internacionais de indexação de artigos científicos e hoje ele está entre os 20 países mais produtivos –, é preciso agora, segundo Mirra, que se olhe para o futuro. "Claro que temos vários problemas e grandes desafios pela frente. Mas, com certeza, mudaram nossas possibilidades. Podemos pensar, hoje, em coisas que não davam para ser feitas há 20 ou 30 anos", afirmou.

Um dos pontos dessa grande agenda nacional, para o representante do CGEE, é fazer com que o sistema de C&T interfira nas camadas mais baixas da população. "Além disso, temos uma necessidade clara de direcionar a ciência e a tecnologia gerada no Brasil para a resolução de problemas práticos", afirma Mirra.

Um dos exemplos citados por ele na conferência tem um sotaque marcadamente mineiro: o congelamento do pão de queijo. Percebendo que o produto ficava com gosto ruim se congelado e depois aquecido novamente, quatro instituições de pesquisa daquele mineiras – Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Lavras, Universidade Federal de Viçosa e o Centro Tecnológico de Minas Gerais – conseguiram solucionar conjuntamente o problema.

A conseqüência, explica Mirra, é que se criou um mercado que tem 500 indústrias, 8 mil pontos-de-venda, 40 mil empregos e cresce 100% ao ano. "Os pães, agora, também conquistaram o mercado externo", disse. Para que novos exemplos práticos apareçam no dia-a-dia do Brasil, e a curva de crescimento cresça de forma contínua rumo ao ponto de inflexão, o próprio Mirra oferece uma das soluções.

"É preciso que a ciência e a tecnologia se irradie totalmente pela sociedade. O transbordamento dessas questões será bastante benéfico. Mas é preciso dizer que isso também não ocorre sem agitação, sem o controverso", disse. A polêmica sobre a aprovação da Lei de Biossegurança, por exemplo, está aí para reforçar a tese do representante do CGEE.


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