Cientistas são cidadãos de países como Afeganistão, Angola, Bangladesh, Benin, Etiópia, Iêmen, Mali, Moçambique, Ruanda, Sudão e Uganda (foto: Daniel Antonio/Agência FAPESP)

Cooperação internacional
Em parceria com a Unesco e a TWAS, FAPESP promove vinda de pesquisadores estrangeiros para São Paulo
07 de julho de 2025

Edital teve como foco países apontados pelas Nações Unidas como os menos desenvolvidos do mundo. Foram 25 projetos selecionados

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Cientistas são cidadãos de países como Afeganistão, Angola, Bangladesh, Benin, Etiópia, Iêmen, Mali, Moçambique, Ruanda, Sudão e Uganda (foto: Daniel Antonio/Agência FAPESP)

 

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESPGeleta Dugassa Barka iniciou em junho seu segundo estudo de pós-doutorado, desta vez no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP). O projeto busca soluções para uma das principais crises globais: a mudança climática. Nos laboratórios da USP, Barka vai investigar como aumentar a tolerância térmica do tomateiro.

“No meu primeiro pós-doc fiz algo parecido, mas com café arábica, na Jeonbuk University [Coreia do Sul]. Agora vou centrar minhas atividades no tomate, uma cultura que existe em todas as partes do mundo", conta o pesquisador, que também é professor da Adama Science And Technology University (ASTU) em seu país natal, a Etiópia.

Essa não é sua primeira vez no Brasil. A pesquisa de doutorado de Barka, também sobre tolerância termodinâmica de frutas e legumes tropicais, foi conduzida na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais. “A ideia agora é juntar esses três mundos [Etiópia, Coreia do Sul e Brasil] e interligar os laboratórios da USP com o da Jeonbuk University. A linha de pesquisa é parecida e há muito o que trocar em conhecimento”, avalia.

Barka é um dos 25 aprovados em uma chamada de propostas lançada em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Academia Mundial de Ciências (TWAS) que ofereceu bolsas de pós-doutorado para pesquisadores provenientes de países apontados pelas Nações Unidas como os menos desenvolvidos do mundo.

“Um dos objetivos foi fortalecer a cooperação científica e tecnológica entre as nações”, conta Marcio de Castro, diretor científico da FAPESP. “A chamada se destacou pela alta qualidade das propostas, tanto que o número de projetos selecionados aumentou dos 20 originalmente previstos para 25.”

Outro contemplado no edital foi Asmamaw Tesfaw Belay, também da Etiópia. Seu projeto, em desenvolvimento na Universidade Federal do ABC (UFABC), propõe investigar a relação de mutualismo entre leguminosas e microrganismos simbióticos. O objetivo é entender o efeito das bactérias fixadoras de nitrogênio no solo (gênero Rhizobium) em algumas plantas predominantemente encontradas no Brasil. Outras metas são prospectar microrganismos com potencial para aumentar a produtividade das lavouras e detectar interações propícias para a chamada adubação verde.

“Eu tenho experiência na área de bactérias, enquanto o meu orientador tem vasto conhecimento na área de botânica”, conta o pesquisador recém-chegado ao Brasil após temporada na Marmara University, na Turquia. Ele também é professor na Debre Berhan University, Etiópia.

Já o projeto apresentado por Anwar Ibrahem Abdalrasul Alduma tem como foco a leishmaniose – doença que atinge tanto o Brasil quanto seu país de origem, o Sudão – embora com manifestações um pouco diferentes. Na Faculdade de Medicina da USP, Alduma pretende desenvolver modelos experimentais para estudar o patógeno que causa a leishmaniose cutânea atípica em ambiente hospitalar.

“Serei um link entre a USP e a Central China Normal University, onde fiz meu doutoramento. Os dois laboratórios podem ter interações interessantes e vão cooperar pela primeira vez”, celebra.

O edital prevê a concessão por até 24 meses de uma bolsa não renovável no valor de R$ 12 mil, equivalente à de um pesquisador de pós-doutorado. Excepcionalmente para essa chamada foi concedido um auxílio-instalação (uma mensalidade adicional) pelo fato de os pesquisadores serem todos estrangeiros e residentes fora do Brasil.

Os 25 selecionados desenvolverão suas pesquisas em instituições como USP, UFABC, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade São Francisco (USF). Eles são cidadãos de países como Afeganistão, Angola, Bangladesh, Benin, Etiópia, Iêmen, Mali, Moçambique, Ruanda, Sudão e Uganda.

Antes de lançar a chamada, a FAPESP já havia pré-selecionado pesquisadores responsáveis por auxílios da Fundação para supervisionar os bolsistas estrangeiros em sua instituição. Após a Unesco veicular a lista de candidatos elegíveis a receber as bolsas, foi promovido o contato entre eles e os cientistas paulistas.

A lista completa dos contemplados no edital pode ser conferida em: fapesp.br/17141/.
 

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