A Fundação, que teve atuação estratégica durante o avanço da pandemia, investe agora na ampliação da infraestrutura de pesquisa no Estado, na criação de novos centros de investigação e no apoio a jovens pesquisadores (Luiz Eugênio Mello, à direita, participou de evento coordenado pelo jornalista José Roberto Ferreira; imagem: reprodução)

Em live promovida pelo ICB-USP, diretor científico fala sobre novas iniciativas da FAPESP
11 de julho de 2022

A Fundação, que teve atuação estratégica durante o avanço da pandemia, investe agora na ampliação da infraestrutura de pesquisa no Estado, na criação de novos centros de investigação e no apoio a jovens pesquisadores

Em live promovida pelo ICB-USP, diretor científico fala sobre novas iniciativas da FAPESP

A Fundação, que teve atuação estratégica durante o avanço da pandemia, investe agora na ampliação da infraestrutura de pesquisa no Estado, na criação de novos centros de investigação e no apoio a jovens pesquisadores

11 de julho de 2022

A Fundação, que teve atuação estratégica durante o avanço da pandemia, investe agora na ampliação da infraestrutura de pesquisa no Estado, na criação de novos centros de investigação e no apoio a jovens pesquisadores (Luiz Eugênio Mello, à direita, participou de evento coordenado pelo jornalista José Roberto Ferreira; imagem: reprodução)

 

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Poucos dias depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado o estado de pandemia, em março de 2020, a FAPESP lançou a chamada de propostas “Suplementos de Rápida Implementação contra COVID-19”. Na prática, entre o início do prazo de submissão e a aprovação do primeiro projeto foram apenas quatro dias. No total, foram aprovadas 60 propostas por meio do edital.

“Naquele momento, tempo era um elemento crítico”, contou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP, em live promovida no dia 5 de julho pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), que teve como tema “Políticas de fomento à pesquisa científica no Brasil”.

“As aprovações se deram por ordem de chegada. Se o projeto fosse bom, ele era aprovado. Quatro dias para aprovar um projeto foi algo inédito. A FAPESP tem processos internos muito rigorosos, mas sabe trabalhar de acordo com a realidade. Dessa chamada saíram projetos relacionados com o desenvolvimento de vacinas e de infraestrutura de pesquisa científica, bem como a aspectos moleculares e políticas públicas”, ele afirmou.

“Para ter toda essa celeridade, foram feitos alguns ajustes na chamada. Um deles foi uma decisão engenhosa. Normalmente, é necessária uma série de assinaturas para a outorga. No entanto, adotou-se a estratégia de conceder aditivos a projetos que já eram financiados pela Fundação: o pesquisador que tinha um projeto sobre o vírus zika, por exemplo, poderia pedir recursos complementares para estudar a COVID-19”, explicou Mello, que assumiu o cargo de diretor científico em 27 de abril de 2020, em meio ao avanço da pandemia.

Para Mello, esse edital é um dos exemplos de como a FAPESP foi essencial para o enfrentamento da crise da COVID-19. “A Fundação conta com a solidez que outras entidades, infelizmente, não têm. Porém, ela não vive no vácuo. Não foi criada para dar conta sozinha do fomento à ciência e tecnologia. Isso requer um conjunto de entidades. Hoje somos a principal agência de fomento do país. Infelizmente, pois uma agência estadual não deveria ser a principal e sim uma agência federal. Mas sucessivos cortes de recursos vêm criando um cenário catastrófico”, lamentou.

O diretor científico citou ainda outras ações importantes da FAPESP durante a emergência do novo coronavírus, como a criação do repositório COVID-19 Data Sharing/BR, em junho de 2020, que abriga dados abertos e anonimizados de pacientes infectados com o SARS-CoV-2 e atendidos nos hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, das Clínicas, Samaritano e Oswaldo Cruz, além do Laboratório Fleury.

“Isso é o resultado do esforço conjunto de instituições públicas e privadas para fornecer dados públicos que permitem avançar no entendimento da COVID-19. Uma coisa é ciência aberta e outra são os dados brutos de pesquisas estarem organizados e disponibilizados publicamente. Open Science é bom, open data é melhor ainda”, disse.

Segundo Mello, o histórico de excelência da Fundação ajuda a alavancar parcerias com empresas e fundos privados que resultam em mais recursos para a pesquisa. “Apoiamos o ensaio clínico de fase três da CoronaVac com R$ 32,5 milhões, que alavancaram outros R$ 50 milhões da Todos Pela Saúde. Eles se dispuseram a financiar parte da pesquisa, pois confiam no trabalho da FAPESP. Já o Butantan entrou com a estrutura e o salário dos pesquisadores. Temos atuado dessa maneira, formamos parcerias de modo a ampliar o valor investido. Todo mundo sai ganhando com isso, a sociedade principalmente”, afirmou.

A FAPESP também apoiou, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), os estudos de fase 3 da vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela Universidade Oxford, do Reino Unido, e pelo laboratório AstraZeneca.

Novos programas

Durante a live, Mello falou sobre a expansão de projetos e as novas modalidades de fomento recentemente criadas pela Fundação. “A FAPESP está abrindo várias frentes. No último mês, foi lançado um edital de infraestrutura com R$ 450 milhões em recursos para o que chamamos de Equipamentos Multiusuários. Temos em curso, sendo julgado, um novo ciclo de CEPIDs [Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão] que serão financiados. São 18 novos centros e os recursos somam R$ 720 milhões. Temos ainda o programa de Centro de Ciência para o Desenvolvimento [CCD], em parceria com as secretarias e que tem por objetivo incentivar a formulação de políticas públicas baseadas em evidências”, disse.

Há ainda duas novas modalidades de apoio direcionadas a jovens pesquisadores. Uma delas, denominada Projeto Inicial (PI) , se destina a cientistas que mantêm vínculo formal com alguma instituição de C&T do Estado de São Paulo há não mais que oito anos. A outra chama-se Projeto Geração e é voltada para pessoas que concluíram o doutorado há não mais que cinco anos e não têm ainda vínculo formal com uma instituição do Estado.

“Elas podem pedir recursos que podem chegar a R$ 1,6 milhão. E aqui é para fazer pesquisa de fato ‘fora da caixa’. Pesquisas que tenham o potencial de transformação muito grande e que permitam uma trajetória de independência dessas pessoas. Queremos que elas alcem voo”, contou.

O diretor ressaltou que a Fundação tem o objetivo de apoiar tanto a ciência básica quanto a aplicada. “Temos programas importantes de financiamento de startups inovadoras e de grandes empresas. Um dos centros de pesquisa que firmamos em parceria com a GSK no Butantan, por exemplo, visa a descoberta de novos alvos terapêuticos. Quer mais ciência básica que isso? E financiada com apoio de uma empresa privada. Os royalties ficam com o Butantan e a empresa tem a preferência no licenciamento”, finalizou.

O evento pode ser assistido na íntegra em: https://m.youtube.com/watch?v=WZl0iH3D1kY.
 

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