Richard Stallman, durante palestra em São Paulo
O americano Richard Stallmann, fundador da Free Software Foundation, defende a utilização pelo Brasil de programas de computador com códigos-fontes abertos que, segundo ele, permitem a democratização e o desenvolvimento da informática
O americano Richard Stallmann, fundador da Free Software Foundation, defende a utilização pelo Brasil de programas de computador com códigos-fontes abertos que, segundo ele, permitem a democratização e o desenvolvimento da informática
Richard Stallman, durante palestra em São Paulo
Agência FAPESP - "O Brasil deve defender o software livre, pois, entre outras vantagens, ele permite que mais pessoas possam ter acesso ao uso de computadores, sem ter que pagar os preços elevados dos programas vendidos pelas grandes corporações", disse o americano Richard Stallman, fundador da Free Software Foundation, em São Paulo, na segunda-feira (25/8).
Stallman esteve na cidade para dar a palestra O perigo das patentes de software, realizada pelo Senac com apoio da Coordenadoria do Governo Eletrônico da Prefeitura de São Paulo. Cerca de 300 pessoas estiveram no auditório do Senac, no centro da cidade, para escutar as idéias de um dos principais ídolos dos programadores de computador em todo o mundo.
Formado em Física pela Universidade de Harvard, Stallman fez parte do Laboratório de Inteligência Artificial do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, na década de 70. O americano é autor do sistema operacional GNU, que deu origem ao GNU/Linux, hoje utilizado por mais de 20 milhões de pessoas.
"O software livre é fundamental para todos, mas muito mais importante para alguns setores, como as escolas. Em primeiro lugar, porque permite que se economize dinheiro. Se, além de ter que comprar o computador, a escola tiver que alimentá-lo com programas que custam muito caro, será muito difícil que ela consiga instalar um número suficiente de máquinas que possam atender a seus alunos. Ainda mais em um país com dificuldades econômicas, como o Brasil", disse à Agência FAPESP.
Outra vantagem do software livre, segundo Stallman, é que tal tipo de programa tem seus códigos-fontes abertos, ao contrário dos programas comuns, que são fechados e não permitem que os programadores possam entender como funcionam. "Por ter seus códigos abertos, o software livre pode ser estudado, alterado e desenvolvido por qualquer um. Isso permite que qualquer pessoa, de qualquer lugar do planeta, possa estudar e desenvolver o software. É o que explica a popularidade do GNU/Linux", disse.
Imre Simon, coordenador do Grupo de Estudos de Informação e Comunicação, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, concorda com Stallmann. "A adoção do software livre permite uma extraordinária oportunidade de desenvolvimento tecnológico, que é o acesso aos milhares ou milhões de linhas de código dos programas. Trata-se de uma oportunidade sem precedentes", disse Simon, que também integra a comissão de coordenação do Programa Tidia (Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada), da FAPESP, na abertura da palestra de Stallman.
Em defesa de sua bandeira, o lendário programador tratou ainda de alfinetar o governo americano, ao afirmar que o Brasil deveria se posicionar contrário à implantação da Alca, a Área de Livre Comércio das Américas. Segundo Stallman, os Estados Unidos querem incluir uma proibição ao software livre nos termos do tratado. "A Alca elimina a democracia. O Brasil deve rejeitá-la e assumir o controle de seus próprios computadores, não se sujeitando às grandes corporações", disse.
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