Simpósio na SBPC defende parcerias entre universidades e empresas para promover a formação de recursos humanos altamente qualificados e comprometidos com o desenvolvimento tecnológico (foto: FAPESP)

Em busca de parcerias de sucesso
23 de julho de 2004

Simpósio na SBPC defende parcerias entre universidades e empresas para promover a formação de recursos humanos altamente qualificados e comprometidos com o desenvolvimento tecnológico

Em busca de parcerias de sucesso

Simpósio na SBPC defende parcerias entre universidades e empresas para promover a formação de recursos humanos altamente qualificados e comprometidos com o desenvolvimento tecnológico

23 de julho de 2004

Simpósio na SBPC defende parcerias entre universidades e empresas para promover a formação de recursos humanos altamente qualificados e comprometidos com o desenvolvimento tecnológico (foto: FAPESP)

 

Por Thiago Romero, de Cuiabá

Agência FAPESP - "A universidade não pode deixar de cumprir seu papel fundamental de educar estudantes e avançar o conhecimento humano. Essa formação acadêmica inclui o estabelecimento de parcerias com as empresas para melhor consolidar e valorizar sua missão institucional", disse o reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carlos Henrique de Brito Cruz, em debate na quinta-feira (23/7), na 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Cuiabá.

Segundo Brito Cruz, antigamente havia reflexões equivocadas no sentido de que o conhecimento adquirido na universidade poderia ameaçar o desenvolvimento tecnológico das empresas. "Com o passar dos anos, a academia vem provando que uma de suas funções é exatamente complementar a pesquisa e o conhecimento das empresas", disse.

Para outro participante do debate sobre universidades e empresas, o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Álvaro Prata, a falta de investimentos em pesquisa e desenvolvimento faz com que as empresas brasileiras estejam inseridas num cenário de baixa competitividade tecnológica. "O Brasil ainda tem uma reduzida capacidade de transformar ciência básica em tecnologia", disse Prata. "Precisamos estimular a arte de aplicar a ciência para propósitos práticos."

O pesquisador acredita que as universidades e institutos de pesquisa vêm conseguindo capacitar com sucesso os alunos e docentes brasileiros. "Porém, há um desequilíbrio muito grande na participação de cientistas em pesquisa e desenvolvimento no setor industrial. A maioria dos pesquisadores ainda está nas universidades", disse.

Atualmente, no Brasil, 73% dos cientistas estão nas instituições de pesquisa e 11% nas empresas. Nos Estados Unidos, por exemplo, ocorre o inverso: 72% dos pesquisadores se encontram nas empresas e 18% na academia, relação que se repete em outros países desenvolvidos.

Prata apresentou como exemplo de sucesso uma parceria entre a UFSC e a Empresa Brasileira de Compressores (Embraco), que resultou na construção de um laboratório de 2,5 mil metros quadrados na universidade catarinense e permitiu que a empresa ampliasse sua produção de 50 milhões de unidades em 1990 para 150 milhões em 1998.

Com base nesse cenário, o professor do Departamento de Engenharia Mecânica propôs em Cuiabá um aumento da interação entre os cientistas e as empresas por meio de mecanismos como a prestação de serviços, atividades de pesquisa e convênios de cooperação.

Segundo ele, tais iniciativas promovem o estabelecimento de competências em setores pré-definidos, a formação de recursos humanos comprometidos com o desenvolvimento tecnológico da empresa, o estabelecimento de linhas sólidas de pesquisa e o envolvimento das universidades em tarefas duradouras.

"Tratam-se de formas de interação que seguramente trazem benefícios para ambas as partes. O sucesso das empresas nacionais está muito mais ligado a oportunidades mercadológicas do que a invenções, mas o maior patrimônio de uma empresa é sua capacidade de inovação tecnológica", afirmou.


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