Robert Gallo, um dos descobridores do vírus HIV, defende a necessidade da criação de centros de excelência em virologia com financiamento público para o desenvolvimento de alternativas de combate à doença (foto: divulgação)

Em busca da vacina contra a Aids
19 de julho de 2005

Robert Gallo, um dos descobridores do vírus HIV, defende a necessidade da criação de centros de excelência em virologia com financiamento público para o desenvolvimento de alternativas de combate à doença

Em busca da vacina contra a Aids

Robert Gallo, um dos descobridores do vírus HIV, defende a necessidade da criação de centros de excelência em virologia com financiamento público para o desenvolvimento de alternativas de combate à doença

19 de julho de 2005

Robert Gallo, um dos descobridores do vírus HIV, defende a necessidade da criação de centros de excelência em virologia com financiamento público para o desenvolvimento de alternativas de combate à doença (foto: divulgação)

 

Por Heitor Shimizu

Agência FAPESP - A boa notícia é que a ciência médica tem conseguido acompanhar a evolução da Aids, com novas drogas sendo criadas sempre que necessárias. A má notícia é que tais medicamentos têm vida curta, tamanha a capacidade de mutação e de adaptação do vírus a novas drogas e alternativas de combate.

O tom retórico e eloqüente dominou a conferência do norte-americano Robert Gallo, um dos descobridores do vírus causador da Aids, o HIV, na segunda-feira (18/7), em São Paulo. O cientista foi a atração principal do Fórum Aids: As novas descobertas e o modelo brasileiro de assistência.

Para enfrentar o grave problema – que tem no Brasil 170 mil pacientes, segundo dados apresentados no evento por Jarbas Barbosa da Silva, do Ministério da Saúde –, Gallo propõe algumas recomendações. "A necessidade da criação de centros de excelência em virologia em diversos países, com financiamento direto dos governos" é uma das principais. Outra é a adoção de novos modelos para financiamento à pesquisa que consigam antecipar "os contínuos desafios apresentados pelas doenças infecciosas virais".

Outra recomendação do diretor do Instituto de Virologia Humana e da Divisão de Ciência Básica do Instituto de Biotecnologia da Universidade de Maryland é a necessidade de criação de um esforço coletivo em busca de uma vacina. "O mundo precisa urgentemente de uma vacina eficiente para enfrentar o HIV. Diversos centros de pesquisa no mundo estão desenvolvendo possíveis candidatos, um dos quais o nosso", disse. "Quando surgirá essa solução? Não sei. Mas talvez não leve muito tempo. Poderemos ter alternativas viáveis em menos de três anos."

Em outro exemplo de retórica, o cientista contrapôs o otimismo pela descoberta que pode ocorrer em breve ao pessimismo induzido por características típicas dos vírus. "O desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas deve ser contínuo. Ele nunca terminará por causa da enorme capacidade de variação desses organismos. A verdade é que nunca nos livraremos dos vírus, sempre surgirão novos", afirmou.

O norte-americano considera a principal estratégia de combate ao HIV o desenvolvimento de alternativas que funcionem junto aos receptores CCR5, envolvidos no processo de entrada do vírus HIV nas células onde ocorre a replicação viral. "Essa é a nossa principal abordagem terapêutica: inibidores da entrada do HIV", contou.

Na conferência, o pesquisador elogiou o programa de combate à Aids brasileiro: "Trata-se de uma das mais importantes lições em todo o mundo. Na década de 1980, o cenário sugeria um futuro muito pior, que o país conseguiu evitar".

Gallo tornou-se mundialmente famoso em 1984, quando publicou um artigo na revista Science identificando o causador da então pouco conhecida doença. O problema é que outro grupo, liderado pelo francês Luc Montagnier, do Instituto Pasteur, havia identificado o HIV anteriormente. A polêmica sobre a paternidade do vírus durou até 1987, quando os dois decidiram dividir os créditos pela descoberta.


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