Para Jacques Schwartzman, sistema universitário brasileiro está ineficiente
(foto:IEA)

Em busca da eficiência
06 de abril de 2005

Para Jacques Schwartzman, da UFMG, autor de conferência de terça (5/4) no IEA, além de ter metas irreais para a expansão do ensino superior, o Brasil gasta mal os recursos com o setor

Em busca da eficiência

Para Jacques Schwartzman, da UFMG, autor de conferência de terça (5/4) no IEA, além de ter metas irreais para a expansão do ensino superior, o Brasil gasta mal os recursos com o setor

06 de abril de 2005

Para Jacques Schwartzman, sistema universitário brasileiro está ineficiente
(foto:IEA)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Sem intenção de criar polêmica, mas com o claro objetivo de contribuir para a melhoria do ensino superior brasileiro, Jacques Schwartzman, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, abordou temas delicados durante conferência no auditório do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), nesta terça-feira (5/4), na capital paulista.

Para o também secretário-adjunto de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, está claro que o sistema universitário brasileiro é ineficiente. Além disso, segundo afirmou, também o atual anteprojeto da reforma universitária não ataca o problema de forma aprofundada.

"Uma das falhas importantes no texto da reforma é que ele não determina as funções das universidades e das demais instituições de ensino superior", disse Schwartzman. Segundo o conferencista, a diversificação do ensino superior é fundamental para que o sistema possa ser mais eficiente.

Para o pesquisador, que falou sobre o tema O Financiamento do ensino superior, não é necessário, por exemplo, ter um número elevado de universidades no país. "Podem ser montados alguns centros de excelência e, ao mesmo tempo, ser dada mais atenção aos cursos tecnológicos, por exemplo", aponta. Segundo ele, no Brasil, em muitos dos casos, não existe pesquisa relevante sendo feita, apesar de elas estarem sendo custeadas pelo poder público.

Outra questão polêmica foi abordada por Schwartzman, para quem é pouco provável que o governo consiga cumprir a meta de chegar em 2010 com 30% dos alunos entre 18 e 24 anos matriculados no terceiro grau. "Isso significa uma expansão de três vezes. Mesmo que as vagas sejam criadas, é provável que não se tenha demanda para tanto. Hoje, o ensino médio forma 1,9 milhão de alunos e as vagas no ensino superior são de 2 milhões, aproximadamente", disse.

Além de mostrar os problemas de financiamento que atingem o setor privado, e defender, do ponto de vista unicamente distributivo, medidas como a das cotas e a do Prouni (programa que vai "comprar" vagas no sistema privado para alunos que saíram da escola pública), o pesquisador mineiro fez outro cálculo, que não agradou a todos os presentes. "Se os alunos das federais pagassem uma mensalidade média de R$ 500, a mesma quantia que se paga no ensino privado, isso significaria um acréscimo ao orçamento anual de R$ 3,4 bilhões. É quase a metade do custo total das universidade federais brasileiras", afirmou.

Como é de praxe nas conferências do IEA, dois debatedores são convidados pela direção da instituição. Na terça-feira, tanto o professor Carlos Luque, da Faculdade de Economia e Administração da USP, como Hélio Nogueira da Cruz, vice-reitor da USP, colocaram em questão algumas das visões de Schwartzman. Os dois afirmaram que a ineficiência do sistema não se aplica em alguns casos. Na USP, segundo os debatedores, a excelência das instituições é uma das provas que os recursos foram investidos com inteligência.


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