Para o governo timorense, o desenvolvimento do turismo é a necessidade mais urgente

Elos com o Timor Leste
04 de dezembro de 2003

Núcleo de Análise Interdisciplinar de Políticas e Estratégia da USP desenvolve projetos de cooperação com o governo timorense em três áreas: agricultura, comunicação e turismo. Segundo pesquisador enviado ao Timor Leste, o país oferece oportunidade de estudo única para cientistas sociais brasileiros

Elos com o Timor Leste

Núcleo de Análise Interdisciplinar de Políticas e Estratégia da USP desenvolve projetos de cooperação com o governo timorense em três áreas: agricultura, comunicação e turismo. Segundo pesquisador enviado ao Timor Leste, o país oferece oportunidade de estudo única para cientistas sociais brasileiros

04 de dezembro de 2003

Para o governo timorense, o desenvolvimento do turismo é a necessidade mais urgente

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Turismo, agricultura e comunicação. São nessas três áreas que o Brasil, por intermédio do Núcleo de Análise Interdisciplinar de Políticas e Estratégia (Naippe) da Universidade de São Paulo (USP) deve começar a ajudar na reestruturação do Timor Leste, país na Ásia meridional que viveu sob o domínio da Indonésia até 1999.

Para tentar diagnosticar as principais necessidades dos timorenses em seu novo momento histórico, o instituto de pesquisa enviou o pesquisador Robson Barbosa para uma missão de oito dias no país que foi descoberto por Portugal em 1529 e de quem foi colônia até a década de 70.

"Houve a solicitação de projetos em agricultura, comunicação e turismo, sendo que este último setor é visto pelo governo do Timor Leste como sua necessidade mais urgente", disse à Agência FAPESP Barbosa, que viajou com o apoio logístico da Força Aérea Brasileira, do Ministério da Defesa e do Itamaraty.

Para poder explorar as belezas naturais da ilha, que fica em uma região do Pacífico rica em corais, será necessário um grande melhoramento em infra-estrutura. "O país precisa de um planejamento urbano, pois tudo está muito incipiente. Falta esgoto e saneamento básico, por exemplo", disse o pesquisador da USP.

Levar turistas para o Timor Leste é um primeiro passo para que novas receitas possam entrar no país. "O projeto de comunicação passa pela criação de uma estrutura estatal de divulgação das informações, pois eles não têm nada lá nesse sentido", disse Barbosa. A agricultura, e mais especificamente o cultivo do café, é outro atrativo para eventuais parcerias.

O Brasil já mantém elos oficiais com o Timor Leste. O Ministério da Agricultura, por intermédio da Agência Brasileira de Cooperação, desenvolve algumas atividades no país. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) também está presente na capital, Dili. A própria USP montou um programa de ensino de português para ser desenvolvido no país que, um ano após a independência de Portugal, em 1975, foi invadido pela Indonésia e forçado a adotar o bahasa indonésio como língua oficial.

"Apenas 5% da população fala português, geralmente pessoas com mais de 40 anos", disse Barbosa. A grande maioria fala o tétum, que é o idioma oficial ao lado do português, ou o bahasa indonésio. "Agora, como as crianças estão sendo alfabetizadas em português novamente, esse quadro poderá mudar", acredita o pesquisador.

O Timor Leste, conforme atesta Barbosa, pode se tornar também um grande campo de pesquisa. "Para os cientistas sociais brasileiros trata-se da oportunidade única de poder estudar a reconstrução de um país que, além de tudo, também foi colônia de Portugal."


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