Eficiência fatal
29 de dezembro de 2003

A morte do macho do gênero Argiope, quando devorado pela aranha fêmea logo após o ato sexual, tem uma nova explicação. Biólogos da Universidade de Bonn, na Alemanha, demonstram que o comportamento desses aracnídeos é uma espécie de estratégia para aumentar a prole que vai ser gerada a partir do acasalamento

Eficiência fatal

A morte do macho do gênero Argiope, quando devorado pela aranha fêmea logo após o ato sexual, tem uma nova explicação. Biólogos da Universidade de Bonn, na Alemanha, demonstram que o comportamento desses aracnídeos é uma espécie de estratégia para aumentar a prole que vai ser gerada a partir do acasalamento

29 de dezembro de 2003

 

Agência FAPESP - Apenas cinco segundos é tempo suficiente, segundo as observações dos cientistas da Universidade de Bonn, Alemanha, para que a aranha macho, do gênero Argiope, fertilize os ovos de sua parceira durante o acasalamento, que ocorre sobre a teia montada por ela. A dúvida é porque os machos costumam ficar de oito a dez segundos correndo o risco de serem mortos pela própria parceira durante o acasalamento.

As pesquisas desenvolvidas por Jutta Schneider – uma das maiores especialistas alemãs em aranhas – e equipe mostram que, de cada dez machos, apenas dois conseguem escapar a tempo. Mais: os que fugiram costumam voltar a tentar o acasalamento com a mesma fêmea, segundos depois, e acabam sendo mortos nessa segunda oportunidade dada pela fêmea.

A explicação, segundo Schneider, está relacionada com a eficiência na transferência de espermatozóides. Quanto maior o tempo de cópula mais chances o macho tem de conseguir injetar seus espermatozóides nas trompas da fêmea. "E isso é levado às últimas conseqüências, mesmo que o final da história seja fatal", explica a pesquisadora alemã.

Para tentar medir a influência do tempo no ato sexual das aranhas, os biólogos bombardearam com raios gama alguns machos do gênero Argiope. Eles colocaram esses invertebrados para acasalar com as fêmeas, mas interromperam o acasalamento com jatos de água. Machos não irradiados foram colocados para copular com as mesmas aranhas.

Como se permitiu que os machos irradiados (sem espermatozóides férteis) ficassem mais tempo participando do ato sexual, era esperado que a prole nascida desses experimentos fossem menor do que as que nascem normalmente. Os resultados registrados em Bonn confirmaram a hipótese levantada pelos biólogos. Os machos do gênero Argiope, provavelmente, se suicidam não pela fêmea, mas pelos futuros filhos.


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