Vacina contra leishmaniose em cães, desenvolvida na França, passa pelo primeiro teste
(foto: Alain Fournet/IRD)

Eficiência comprovada
29 de junho de 2005

Pesquisa realizada na França se aproxima de uma vacina contra a leishmaniose visceral em cães. Os animais, além de serem afetados diretamente pelo parasita, são reservatórios de contaminação importantes para os humanos

Eficiência comprovada

Pesquisa realizada na França se aproxima de uma vacina contra a leishmaniose visceral em cães. Os animais, além de serem afetados diretamente pelo parasita, são reservatórios de contaminação importantes para os humanos

29 de junho de 2005

Vacina contra leishmaniose em cães, desenvolvida na França, passa pelo primeiro teste
(foto: Alain Fournet/IRD)

 

Agência FAPESP - Proteger os cães da leishmaniose visceral, a forma mais grave da doença – que atinge mais de 3 mil pessoas no Brasil (com quase 10% de mortalidade) e 500 mil em todo o mundo por ano –, pode ser uma forma de quebrar o ciclo da doença. Por conta disso, cientistas em todo o mundo buscam uma fórmula que seja 100% eficaz.

Resultados de um novo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD, na sigla em francês), em Montpellier, está próximo da linha de chegada. O tratamento, desenvolvido em conjunto com a iniciativa privada, é composto unicamente por proteínas sintetizadas pelo próprio parasita. No caso, a Leishmania infatum.

Dos 18 cachorros usados no experimento, 12 foram tratados com doses da vacina. Os restantes não receberam nenhum tipo de medicamento. Depois de três semanas, toda a amostra foi infectada. No fim de dois anos, a progressão da enfermidade foi analisada pelos pesquisadores franceses.

Entre os seis cachorros que receberam 100 microgramas da vacina, a proteção foi de 100%. O mesmo ocorreu com outros três animais imunizados com uma dose de 200 microgramas. O sucesso não foi total apenas entre os cães tratados com 50 microgramas.

Os pesquisadores descobriram que a vacina ativa determinadas células do sistema imunológico, os linfócitos T do tipo Th1. São essas estruturas que produzem o óxido nítrico, substância que mata os parasitas dentro dos macrófagos.

Impedir o surgimento da leishmaniose visceral em cachorros não é benéfico apenas para os próprios animais. Para chegar até os humanos, o protozoário flagelado utiliza o flebótomo, inseto semelhante a uma pequena mosca. Hematófogos, esses artrópodes também se alimentam do sangue dos cães.

Como em algumas regiões do Mediterrâneo determinadas populações de canídeos estão contaminadas em quase 40%, é bem provável que um inseto, ao picar o cachorro, tenha suas glândulas salivares contaminadas. Ao picar homem, depois disso, a transmissão do parasita será inevitável. Os cães alimentam em demasia o ciclo da doença em todas as regiões do mundo.

Apesar do número reduzido de animais utilizado no experimento, os pesquisadores do IRD estão confiantes após os primeiros resultados. Para eles, a vacina poderá em breve impedir, pelo menos pela via dos cães, que a leishmaniose visceral se espalhe ainda mais. Esse é o mesmo medicamento que faz parte da lista de prioridades do Ministério da Saúde do Brasil.


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