Dados divulgados pela empresa Sinovac Biotech – referentes aos ensaios clínicos de fase 1 e 2 – indicam que 98% dos 421 voluntários com mais de 60 anos desenvolveram anticorpos contra o vírus após a imunização. Segundo Esper Kallas, coordenador da pesquisa no Brasil, menor resposta entre idosos já era resultado esperado (imagem: Wikimedia Commons)
Dados divulgados pela empresa Sinovac Biotech – referentes aos ensaios clínicos de fase 1 e 2 – indicam que 98% dos 421 voluntários com mais de 60 anos desenvolveram anticorpos contra o vírus após a imunização. Segundo Esper Kallás, coordenador da pesquisa no Brasil, menor resposta entre idosos já era resultado esperado
Dados divulgados pela empresa Sinovac Biotech – referentes aos ensaios clínicos de fase 1 e 2 – indicam que 98% dos 421 voluntários com mais de 60 anos desenvolveram anticorpos contra o vírus após a imunização. Segundo Esper Kallás, coordenador da pesquisa no Brasil, menor resposta entre idosos já era resultado esperado
Dados divulgados pela empresa Sinovac Biotech – referentes aos ensaios clínicos de fase 1 e 2 – indicam que 98% dos 421 voluntários com mais de 60 anos desenvolveram anticorpos contra o vírus após a imunização. Segundo Esper Kallas, coordenador da pesquisa no Brasil, menor resposta entre idosos já era resultado esperado (imagem: Wikimedia Commons)
Karina Toledo | Agência FAPESP – O ensaio clínico de fase 3 com a vacina Coronavac está evoluindo rapidamente no Brasil, sem qualquer intercorrência registrada até o momento, afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (09/09) no Palácio dos Bandeirantes. A expectativa é que até o fim de setembro todos os 8.870 voluntários já tenham recebido as duas doses do imunizante desenvolvido pela empresa chinesa Sinovac Biotech e que a análise da eficácia tenha início em meados de outubro.
“Havendo comprovação da eficácia, a vacina poderá ser registrada pela Anvisa e, em seguida, disponibilizada ao Ministério da Saúde. Em dezembro o Butantan terá 46 milhões de doses disponíveis para o Ministério da Saúde dar início ao programa de imunização. Entendo que esta é uma perspectiva realista”, disse Covas.
Até o momento, mais de 4 mil voluntários brasileiros já receberam a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2). Uma parte deles também já recebeu a segunda aplicação. “Na etapa atual, além da inclusão dos voluntários, fazemos o seguimento de segurança e o monitoramento dos casos de COVID-19 entre os participantes. Caso algum deles apresente qualquer sintoma respiratório é feito o teste de RT-PCR [capaz de detectar o material genético do vírus em amostra biológica] para confirmar se contraiu ou não a doença. Mas ainda não temos resultados preliminares sobre a eficácia”, disse à Agência FAPESP o médico Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e coordenador do estudo clínico no Brasil.
Como explicou Kallás, a eficácia da vacina será medida por sua capacidade de prevenir casos de COVID-19 entre a população vacinada e não pela análise da resposta imune induzida. Segundo o pesquisador, o ensaio clínico de fase 3 não tem como objetivo primário avaliar o quanto a formulação é capaz de induzir a produção de anticorpos.
Dados divulgados no início desta semana pela empresa Sinovac Biotech – referentes aos ensaios clínicos de fase 1 e 2 – indicam que a resposta imune induzida pela Coronavac é mais fraca entre os idosos, público considerado de maior risco e prioritário para a imunização. Os testes incluíram 421 voluntários com mais de 60 anos e 98% deles desenvolveram anticorpos contra o vírus após a imunização.
“A notícia é muito boa, na verdade. Com uma dose intermediária, que é a que estamos usando no ensaio clínico de fase 3, 98% dos idosos desenvolveram anticorpos suficientes para neutralizar o vírus. Com uma dose mais alta o índice chegou a 99%. É um resultado muito bom – muito superior a outras vacinas. A da influenza não chega a 90%, por exemplo”, comparou Covas.
Segundo Kallás, a menor resposta entre idosos já era um resultado esperado. “Essa é a regra. Uma vacina de vírus inativado com desempenho entre os idosos igual ao observado entre os jovens seria algo para se desconfiar, pois vai contra os preceitos fundamentais do sistema imune. Uma vacina extraordinária talvez consiga, no máximo, minimizar o efeito da idade”, afirmou.
O pesquisador ressalta, no entanto, que ainda não está totalmente esclarecido qual é o principal marcador de proteção contra a COVID-19. Estudos em modelos animais mostraram que a presença de anticorpos neutralizantes – administrados ou induzidos – protege contra a progressão da doença e reduz a carga viral após a infecção experimental. Algo que ainda não foi demonstrado claramente em humanos.
“Quando observamos a resposta imune de pessoas que tiveram infecção assintomática, a quantidade de anticorpos no sangue não necessariamente é maior que a dos demais infectados. É possível que outros componentes do sistema imune tenham um papel importante. Enquanto não sabemos ao certo, resta-nos buscar a imunidade induzindo a produção de anticorpos. Por enquanto é por onde conseguimos navegar ”, disse Kallás.
A parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sinovac para a realização dos testes clínicos de fase 3 no Brasil foi anunciada em junho pelo Governo de São Paulo. A FAPESP destinará R$ 32,5 milhões para apoiar a pesquisa, por meio do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas (leia mais em: agencia.fapesp.br/33936/). Outros R$ 50 milhões serão doados pela iniciativa Todos pela Saúde (iniciativa do Itaú Unibanco) para a adequação de uma fábrica de produção da vacina e de processamento final de imunobiológicos.
Caso os resultados sejam favoráveis, Butantan e Sinovac vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção da vacina em escala industrial no país e fornecimento gratuito à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Protocolos de segurança
Na última terça-feira (08/09), foi anunciada a interrupção temporária do estudo clínico da fase 3 da vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e licenciada para a farmacêutica AstraZeneca. A decisão abrange todos os centros participantes, entre eles o Brasil, onde a pesquisa é coordenada pelo Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais da Universidade Federal de São Paulo (Crie/Unifesp).
A pausa foi estabelecida após o registro de um evento adverso não esperado com um voluntário do Reino Unido. Segundo comunicado divulgado pela assessoria de imprensa da Unifesp, a medida segue os padrões de segurança preconizados no protocolo do estudo.
“Trata-se de uma prática comum em estudos clínicos envolvendo fármacos. O comitê de monitoramento de segurança do estudo analisa se o caso tem ou não relação com a vacina e, assim que a análise for concluída, a fase 3 deve ser retomada”, diz a nota.
No Brasil, o estudo envolve 5 mil voluntários e “avança como o esperado”, afirma o texto. “Muitos já receberam a segunda dose e até o momento não houve registro de intercorrências graves de saúde.” Aqueles que já receberam a vacina seguirão sendo monitorados mesmo durante o período de pausa.
“O fato de terem conseguido identificar prontamente um caso de evento adverso grave possivelmente relacionado com a vacina britânica – algo que ainda precisa ser confirmado – mostra que todos os critérios de segurança preconizados para ensaios clínicos vacinais estão sendo seguidos”, comentou Kallás.
Durante a coletiva de imprensa, Covas também afirmou que esse tipo de notícia “é comum no universo dos ensaios clínicos e não significa que a vacina não é boa”. “Neste momento, as vacinas contra o novo coronavírus são extremamente importantes, pois ainda estamos em fase pandêmica. Somente a China anunciou o fim da circulação viral. Para a maior parte dos países a vacina seria extremamente útil”, disse Covas.
O diretor do Butantan destacou ainda que a vacina da AstraZeneca é diferente da Coronavac. A formulação chinesa é feita com vírus inativado, uma tecnologia similar à da vacina contra influenza e contra a raiva, que o Instituto Butantan já domina há muitos anos. Já a britânica usa um vetor viral para induzir no organismo humano a produção de uma das proteínas do novo coronavírus, que desencadearia a resposta de defesa.
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