Darlan Marcelo Delgado, da Unesp, analisa na 29ª Reunião Anual da Anped, em Caxambu (MG), o papel e os impactos da inovação para a formulação de novas políticas educacionais (foto: T.Romero)
Darlan Marcelo Delgado, da Unesp, analisa na 29ª Reunião Anual da Anped, em Caxambu (MG), o papel e os impactos da inovação para a formulação de novas políticas educacionais
Darlan Marcelo Delgado, da Unesp, analisa na 29ª Reunião Anual da Anped, em Caxambu (MG), o papel e os impactos da inovação para a formulação de novas políticas educacionais
Darlan Marcelo Delgado, da Unesp, analisa na 29ª Reunião Anual da Anped, em Caxambu (MG), o papel e os impactos da inovação para a formulação de novas políticas educacionais (foto: T.Romero)
Agência FAPESP - O processo de inovação tecnológica contribui não apenas para aumentar os índices de competitividade das empresas no cenário global, mas também pode ter um papel fundamental na formulação de políticas educacionais.
A afirmação foi feita por Darlan Marcelo Delgado, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em conferência realizada na 29ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (Anped), que termina nesta quarta-feira (18/10), em Caxambu (MG).
"Para gerar inovação, as companhias precisam ter como foco o aprendizado tecnológico em programas de pesquisa e desenvolvimento e na formação de capital humano, conceitos que redefinem o papel da universidade como ambiente sustentador das necessidades empresariais", disse Delgado.
Segundo o pesquisador, devido à crescente incorporação de novas tecnologias nos processos industriais os produtos acabam sendo projetados com um ciclo de vida reduzido. "Essa é uma estratégia ideológica que induz à formação de uma sociedade consumidora de objetos que, por sua vez, tornam-se obsoletos cada vez mais rapidamente", disse.
Para Delgado, quando o conhecimento não é incorporado de imediato – o que ocorre, por exemplo, quando um equipamento industrial é importado –, a questão de como dominar os procedimentos intensivos em tecnologia (que demandam know how), o know why (conhecimento profundo da tecnologia capaz de aprimorar os processos) e o nível mínimo de aptidões operacionais deve ser direcionada ao debate da educação continuada, de modo que a formação dos profissionais acompanhe avanços de mercado.
"A educação não é equivalente às aptidões tecnológicas, mas proporciona as bases para a ocorrência do aprendizado. Sem experiência e direcionamento específicos as qualificações formais do ensino não serão capazes de gerar novas tecnologias", disse. Nesse contexto, com a educação vista de maneira "utilitarista" – uma vez que um de seus papéis é o de lidar com as mudanças rápidas –, o conhecimento passa a ter um caráter perecível.
Delgado questionou ainda a quantidade de cursos de ciências humanas e sociais existentes atualmente no país. "Mais de 68% dos cursos de graduação em universidades públicas e privadas são credenciados nessas áreas. Isso é extremamente questionável, uma vez que o mercado precisa bastante de profissionais voltados para a produção industrial", disse.
Para o pesquisador, com a menor oferta de profissionais qualificados em áreas como engenharia e tecnologia, o cenário da inovação passa a ser "excludente e perverso" em termos de políticas setoriais de empregabilidade.
"Por conta disso, o debate atual deve migrar para a construção de novos modelos de educação superior que possam dar conta das estratégias de inovação das empresas, sem que a universidade se torne apenas uma agência prestadora de serviços tão volátil quanto os próprios arranjos produtivos empresariais", afirmou.
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