Dor de dente atrapalha craques
14 de fevereiro de 2005

Com bases em relatos ocorridos no Brasil e em outros países, pesquisadores apontam que problemas odontológicos prejudicam o desempenho esportivo de atletas em competições oficiais

Dor de dente atrapalha craques

Com bases em relatos ocorridos no Brasil e em outros países, pesquisadores apontam que problemas odontológicos prejudicam o desempenho esportivo de atletas em competições oficiais

14 de fevereiro de 2005

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Fraturas, contusões, distensões... A lista de problemas físicos que acompanham a carreira de atletas profissionais é grande. Tão extensa que inclui também dor de dente. Isso mesmo. Segundo Carlos Henrique Santos, professor de endodontia e clínica integrada da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), o desconforto causado por problemas odontológicos é suficiente para prejudicar o desempenho dos atletas em competições oficiais.

Santos chegou a essa conclusão depois de analisar uma série de casos presentes na literatura científica internacional e de estudar o histórico de atletas brasileiros que foram afastados de suas atividades por problemas nos dentes ou na boca.

"Além de tirar a concentração dos competidores, a dor pode fazer com que eles respirem por mais tempo pela boca, o que pode agravar ainda mais o problema", disse Santos à Agência FAPESP. "O problema é tão importante que, devido aos casos de afastamento de atletas em competições importantes, a Confederação Brasileira de Judô, por exemplo, exige a realização de exames odontológicos antes dos torneios oficiais", disse.

Santos, que também é coordenador do Grupo de Odontologia Desportiva de São José dos Campos, explica que a saúde bucal envolve mecanismos responsáveis por diferentes funções do corpo, principalmente em relação à respiração e à circulação.

"A consciência da importância do problema tem aumentado bastante na comunidade científica brasileira. Por conta disso, a tendência é que a odontologia desportiva se torne, em breve, uma área de especialização no país", conta o pesquisador.

O problema ocorre com maior freqüência entre praticantes de esportes radicais e de competições com alto impacto, como judô ou futebol. Santos conta que em 1996, por exemplo, faltou pouco para que o jogador Ronaldo, o "Fenômeno", fosse dispensado do São Cristóvão devido ao baixo desempenho esportivo. O problema é que o atual craque do Real Madrid tinha dois canais que precisavam ser tratados, além de uma grave falha ortodôntica, que comprometiam seu condicionamento aeróbico.

"Sem contar que, quando Ronaldo foi convocado pela primeira vez para jogar na Seleção sub-20, ele estava com sérios problemas de infecção em dois dentes, o que acabou atrapalhando seu desempenho", disse Santos. "Trata-se de um jogador que, caso tivesse sido melhor amparado desde criança, quem sabe pudesse vir a ter um desempenho ainda melhor do que apresenta hoje nos gramados."


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