Dois lados
24 de outubro de 2005

A saúde física dos riachos do noroeste do Estado de São Paulo está crítica, mas, em termos químicos, dados obtidos por equipe de pesquisadores da Unesp mostram que a situação, pelo menos para os peixes, está melhor

Dois lados

A saúde física dos riachos do noroeste do Estado de São Paulo está crítica, mas, em termos químicos, dados obtidos por equipe de pesquisadores da Unesp mostram que a situação, pelo menos para os peixes, está melhor

24 de outubro de 2005

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - As unidades de gerenciamento hídrico de São José dos Dourados e Turvo Grande, que juntas são compostas por 90 municípios, têm importância fundamental para a qualidade ambiental da bacia do Alto Paraná. Isso equivale a dizer que qualquer alteração nessa área localizada no noroeste do Estado de São Paulo terá sérias repercussões rio abaixo. Conseqüências que podem chegar até a Bacia do Prata.

Cientes dessa interconexão aquática, pesquisadores do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de São José do Rio Preto, resolveram investigar a qualidade de vida das espécies aquáticas da região. Dezenas de campanhas foram feitas para obter dados químicos e físicos dos pequenos cursos de água.

"Estamos trabalhando em uma região com a menor porcentagem de área de preservação permanente do Estado", explica Lilian Casatti, pesquisadora responsável pelo projeto ainda em andamento. "Os dados analisados até agora permitem afirmar que a recuperação da mata ciliar dos riachos é algo que deve ser feito imediatamente, para que os peixes possam ter condições de continuar vivendo nesses locais."

Lilian ressalta que o assoreamento dos rios também foi bastante observado. Os pesquisadores classificaram 67,4% dos 95 pontos de coletas como pobres, 11,6% como muito pobres, 20% como regulares e apenas 2% como bons. O projeto foi desenvolvido no âmbito do Programa Biota/FAPESP.

Se do lado físico a situação é considerada crítica, em termos químicos o cenário é melhor. Entre os pontos analisados, 83% apresentaram águas com boas qualidades químicas. "Isso é válido para um universo restrito de parâmetros. Não medimos, por exemplo, a concentração de chumbo. E esses dados são válidos para os peixes, não significa que essas águas podem ser consumidas pelo homem", adverte a pesquisadora. Segundo Lilian, essa situação também ocorre por causa da pouca quantidade de indústrias na região de estudo.

Até meados de 2006, a qualidade de vida das espécies de peixes do Alto Paraná será mais bem conhecida. A mesma equipe de cientistas está trabalhando nas informações dos atributos biológicos da região. "Queremos saber, por exemplo, o número de espécies exóticas nos rios e qual a quantidade de indivíduos com patologias também", disse Lilian.

Mais informações: www.ibilce.unesp.br/pesquisa/biota/ibi


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