Artigo na Nature Reviews Endocrinology aponta descrição equivocada da distribuição do hormônio concentrador de melanina – um dos moduladores da fome – no sistema nervoso central (imagem: Gerd Altmann/Pixabay)

Docente da USP aponta erro de anatomia que se repete em trabalhos científicos
03 de junho de 2022

Artigo na Nature Reviews Endocrinology aponta descrição equivocada da distribuição do hormônio concentrador de melanina – um dos moduladores da fome – no sistema nervoso central

Docente da USP aponta erro de anatomia que se repete em trabalhos científicos

Artigo na Nature Reviews Endocrinology aponta descrição equivocada da distribuição do hormônio concentrador de melanina – um dos moduladores da fome – no sistema nervoso central

03 de junho de 2022

Artigo na Nature Reviews Endocrinology aponta descrição equivocada da distribuição do hormônio concentrador de melanina – um dos moduladores da fome – no sistema nervoso central (imagem: Gerd Altmann/Pixabay)

 

Agência FAPESP* – Um artigo escrito pelo professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) Jackson Bittencourt em resposta a um trabalho de revisão coordenado por pesquisadores da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, traz considerações importantes sobre a anatomia do sistema nervoso central.

Publicado na revista Nature Reviews Endocrinology, o artigo aponta erros cometidos em relação à distribuição morfológica do hormônio concentrador de melanina (MCH) e à nomenclatura de uma região do cérebro. Tais erros, segundo ele, podem comprometer seriamente o avanço do conhecimento científico.

De acordo com Bittencourt, embora os cientistas da Espanha tenham feito uma excelente revisão sobre o papel do MCH no controle da homeostase energética, eles descreveram de forma equivocada a sua organização anatômica. O MCH é visto principalmente como um dos moduladores da fome, além de desempenhar um papel relevante no controle do sono e na lactação.

“O que ocorreu foi uma simplificação exacerbada, isso não pode acontecer. Definiram uma das regiões onde o hormônio se encontra como zona incerta – uma nomenclatura que não diz respeito à sua localização e a função de provocar a fome; eu e outros colegas ajudamos a extingui-la há mais de uma década”, afirma.

Além disso, segundo ele, os pesquisadores espanhóis não deram ênfase suficiente para a região onde a maioria dos neurônios do MCH está localizada, a área hipotalâmica lateral. “Trata-se de uma região integradora, que recebe todo tipo de informação, desde o olfato até o controle da pressão arterial, sono, fome, e as distribui para outras partes do corpo. Ela está relacionada também a alguns dos efeitos do controle alimentar e da reprodução.”

O professor coordena o Laboratório de Neuroanatomia Química, que tem se dedicado desde 2010 ao estudo do hormônio concentrador de melanina no controle do comportamento maternal e da lactação. Uma das pesquisas na área está vinculada a Projeto Temático financiado pela FAPESP.

“Estudamos em ratas como a lactação é controlada pelo organismo. Suspeitamos que o hormônio é o responsável por indicar o momento em que o corpo encerra o ciclo de produção de leite para voltar a reproduzir, ou diminuir a fome de forma que o animal não necessite mais de tanta energia para a produção de leite. Esse conhecimento pode ser útil no futuro para corrigir condições em que seja necessária a paralisação da amamentação”, comenta Bittencourt.

O artigo Anatomical and functional heterogeneity of ‘hypothalamic’ peptidergic neuron populations pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41574-022-00680-9.

* Com informações da Assessoria de Comunicação do ICB-USP.
 

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