Para Sônia Bergamasco, tanto do ponto de vista sociológico quanto econômico os assentamentos rurais deveriam ser incrementados (foto: E. Geraque)

Do sertão olhando o campo
20 de julho de 2005

Debate sobre sociologia rural, durante a Reunião Anual da SBPC, em Fortaleza, ressalta a importância econômica dos assentamentos feitos no Brasil nos últimos anos

Do sertão olhando o campo

Debate sobre sociologia rural, durante a Reunião Anual da SBPC, em Fortaleza, ressalta a importância econômica dos assentamentos feitos no Brasil nos últimos anos

20 de julho de 2005

Para Sônia Bergamasco, tanto do ponto de vista sociológico quanto econômico os assentamentos rurais deveriam ser incrementados (foto: E. Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Fortaleza

Agência FAPESP - Principalmente por causa do chamado fenômeno da globalização, o mundo rural tanto brasileiro – como de toda a América Latina – vem passando por grandes transformações sociológicas. Nesse contexto é que os sociólogos rurais, reunidos nesta terça-feira (19/7), na 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza, estão tentando entender essa nova realidade: a modernização não vem descolada da marginalização para os verdadeiros homens do campo.

"Não podemos dizer que a questão agrária está ausente no Brasil. É uma questão crucial", disse Sônia Bergamasco, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), à Agência FAPESP. Para ela, tanto do ponto de vista sociológico quanto econômico os assentamentos rurais deveriam ser incrementados. "Mesmo em um Estado como São Paulo ainda existem áreas que poderiam ser usadas para isso."

Os obstáculos para que isso ocorra, na visão de Sônia, estão no campo econômico, político e legal. "É preciso dinheiro para se fazer as benfeitorias na terra. E não adianta, em muitos casos, apenas vontade política. Algumas ações são travadas pelo próprio texto da lei", disse.

Uma das discussões, por exemplo, é em relação aos chamados índices de produtividade que definem, em última análise, se uma terra é produtiva ou não. "Esses números são de 1975. Não houve atualização depois disso. Nesses 30 anos a agricultura mudou bastante", explica a socióloga da Unicamp.

Estudo realizado para o Estado de São Paulo pelo grupo do qual Sônia faz parte na Unicamp, publicado no início do ano, também mostra o impacto positivo que os assentamentos rurais têm para as famílias que deles fazem parte.

"Existe a geração de cinco empregos por família. Além de uma melhoria na renda de todas elas", mencionou. A pesquisa, que analisou 1.108 famílias em quatro regiões (Araraquara, Promissão, Pontal do Paranapanema e Sumaré), mostrou outro dado relevante. Enquanto 58% dos entrevistados avaliaram que houve elevação de seu poder de compra, 72,7% disseram que depois da conquista do lote a situação alimentar de todos os membros da casa também melhorou.

"O impacto não é apenas interno, ele também é externo, para a região como um todo. O problema é que a contra-reforma também acaba agindo em vários níveis", adverte Sônia.


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