'Precisamos incluir no DNA das empresas brasileiras o fato de que inovar gera lucro e rentabilidade', disse Roberto Vermulm, da FEA/USP, no lançamento do estudo da Anpei (foto: T. Romero)

DNA da inovação
13 de julho de 2004

O estudo Como alavancar a inovação tecnológica nas empresas, divulgado na segunda (12/7) pela Anpei, procura trazer respostas às causas do baixo volume de investimentos em inovação por parte das empresas

DNA da inovação

O estudo Como alavancar a inovação tecnológica nas empresas, divulgado na segunda (12/7) pela Anpei, procura trazer respostas às causas do baixo volume de investimentos em inovação por parte das empresas

13 de julho de 2004

'Precisamos incluir no DNA das empresas brasileiras o fato de que inovar gera lucro e rentabilidade', disse Roberto Vermulm, da FEA/USP, no lançamento do estudo da Anpei (foto: T. Romero)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Criar uma cultura voltada para a inovação, mesmo que as ações sejam acompanhadas de riscos econômicos, é um dos grandes desafios brasileiros. O estudo Como alavancar a inovação tecnológica nas empresas, realizado pela Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei) e apresentado nesta segunda-feira (12/7), em São Paulo, mostra bem essa situação.

A partir de entrevistas com empresários e dirigentes de empresas, além da análise do banco de dados da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica, realizada pelo IBGE de 1998 a 2000, o estudo procurou trazer respostas ao baixo volume de investimentos das empresas nacionais em inovação.

"Precisamos incluir no DNA das empresas brasileiras o fato de que inovar gera lucro e rentabilidade, ao mesmo tempo em que traz a dimensão tecnológica como estratégia para os negócios", disse Roberto Vermulm, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP).

Os dados da pesquisa apontaram que, das 70 mil empresas em funcionamento no país em 2000, as estrangeiras apresentaram uma taxa de inovação, por origem do capital investido, superior à das nacionais. "Foram 30,9% de produtos e processos inovadores para as nacionais e 62% para as empresas estrangeiras", revelou Vermulm. "No Brasil, a modernização e a atualização do conhecimento predominam sobre a inovação tecnológica propriamente dita."

Segundo o estudo da Anpei, os principais obstáculos à inovação tecnológica nas empresas foram os elevados custos de produtos e de processos inovadores (83,2%), seguidos pelos riscos econômicos excessivos (76,2%) e pela escassez de fontes apropriadas de financiamento (63,4%).

Para o economista e consultor da Anpei, Mauro Arruda, um dos grandes motivos da falta de investimentos em inovação se explica pelo fato de a maioria das pequenas e médias empresas (PMEs) não conhecer os mercados em que está inserida. "O mercado é um fator determinante da inovação tecnológica e o grande problema no Brasil é que as pequenas empresas seguem cegamente os passos das grandes", disse à Agência FAPESP.

Segundo ele, ao seguirem as grandes, as PMEs entram numa espiral de informalidade. "Para conseguir permanecer no mercado, a pequena empresa tem que oferecer preços mais baixos e acaba deixando de pagar impostos, prejudicando as relações trabalhistas e deixando de investir em novas tecnologias", afirmou Arruda.

Por conta disso, Arruda acredita que as empresas deveriam buscar novos nichos de mercado que possibilitem maiores investimentos em tecnologia nos arranjos produtivos locais. "Suponhamos que muitas dessas empresas optem por entrar em nichos mais sofisticados, em que o preço conta pouco e a originalidade conte muito. Nesse caso, a inovação terá papel de destaque."

Para atender o mercado sofisticado, Arruda propõe a construção de centros regionais de inovação, com o objetivo de auxiliar na geração de novos produtos e processos. "Estes laboratórios poderiam seguir os modelos italianos ou japoneses, onde os equipamentos servem, ao mesmo tempo, a duas ou mais empresas de uma mesma região", disse.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.