Estudo realizado por pesquisadores da UFPE e USP ressalta as causas genéticas de problemas como a depressão. O grande desafio agora é identificar os genes relacionados com esses tipos de transtornos para que sejam realizados tratamentos mais específicos
Estudo realizado por pesquisadores da UFPE e USP ressalta as causas genéticas de problemas como a depressão. O grande desafio agora é identificar os genes relacionados com esses tipos de transtornos para que sejam realizados tratamentos mais específicos
Agência FAPESP - Reunir um conjunto de evidências que indicam a presença de fatores genéticos em relação à vulnerabilidade para os transtornos afetivos. Esse foi a proposta do estudo de Ivanor Lima e Everton Sougey, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife, e Homero Pinto Vallada Filho, da Universidade de São Paulo (USP).
Os pesquisadores partiram do princípio de que as doenças afetivas são "síndromes caracterizadas por alterações patológicas do humor que podem variar desde uma extrema euforia até uma grave depressão ou disforia". Com base nesta definição, o estudo, publicado pela Revista de Psiquiatria Clínica, apresenta informações obtidas por meio de estratégias de genética molecular na busca de genes de susceptibilidade para o transtorno afetivo bipolar e para a depressão.
"Todos os seres humanos têm propensão a algum problema de saúde. Além dos componentes biológicos, a depressão está associada a variantes genéticas que levam as pessoas a terem uma tendência maior de desenvolver a doença", disse Vallada, professor do departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, à Agência FAPESP. "Tais síndromes são bastante comuns e determinam importante prejuízo à sociedade, inclusive por se associarem com elevadas taxas de suicídio."
A pesquisa baseou-se em artigos da literatura científica internacional, além de estudos comparativos de famílias normais, com gêmeos monozigóticos e dizigóticos e com crianças adotivas. "Até o presente, podemos identificar poucos relatos de investigações com adotados em distúrbios do humor, que são em sua maioria consistentes com a presença de um componente genético na determinação das enfermidades afetivas", diz o estudo.
Segundo o artigo, a busca das bases etiológicas e fisiopatológicas dessas perturbações afetivas contempla evidências clínicas que apontam para o componente familiar como um dos principais fatores de risco para o aparecimento desses quadros.
"Existe um conjunto de evidências científicas que indica a existência de fatores genéticos na suscetibilidade para as doenças afetivas", afirma Vallada. Segundo ele, de acordo com a velocidade com que surgem novas tecnologias e abordagens na área de genética molecular, provavelmente nos próximos anos muitos dos genes relacionados à vulnerabilidade para a depressão e para o transtorno afetivo bipolar deverão ser descobertos.
"O grande desafio agora é identificar todos os genes relacionados com a depressão para realizarmos tratamentos mais específicos. Se descobrirmos quais são as causas ou genes que estão alterados, será muito mais fácil suprir as deficiências relacionadas a essas doenças afetivas", acredita Vallada.
O artigo Genética dos transtornos afetivos está disponível na biblioteca virtual SciELO (Bireme/FAPESP). Para ler, clique aqui.
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