Para Renato Ortiz, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, não se pode simplesmente inserir a sociedade num sistema global (foto: T. Romero)

Diversidade universal
17 de outubro de 2006

Para Renato Ortiz, da Unicamp, não se pode simplesmente inserir a sociedade num sistema global. "A globalização é uma totalidade que envolve e atravessa, na qual nada existe de homogêneo", disse

Diversidade universal

Para Renato Ortiz, da Unicamp, não se pode simplesmente inserir a sociedade num sistema global. "A globalização é uma totalidade que envolve e atravessa, na qual nada existe de homogêneo", disse

17 de outubro de 2006

Para Renato Ortiz, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, não se pode simplesmente inserir a sociedade num sistema global (foto: T. Romero)

 

Por Thiago Romero, de Caxambu

Agência FAPESP - "Dilemas da Modernidade-Mundo" foi o tema da conferência proferida por Renato Ortiz, professor titular do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na 29ª reunião anual da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (Anped), em Caxambu (MG).

De acordo com Ortiz, os conceitos de universalidade e diversidade podem ser entendidos por meio da questão da globalização. "Não podemos simplesmente incluir a sociedade em um sistema global. A globalização configura-se em situações específicas, ou seja, é uma totalidade que envolve e atravessa, de forma diferenciada, as partes que a constituem", disse Ortiz. Partes representadas por civilizações, países, culturas e classes sociais.

Para o pesquisador, nas situações de globalização nada existe de homogêneo. "O que existe é um conjunto amplo movido por forças articuladoras que fazem com que as partes se complementem, ou até mesmo entrem em conflito. Podemos citar apenas tendências hegemônicas, como o capitalismo e suas novas formas, as instituições transnacionais e os interesses econômicos e geopolíticos", disse.

Apesar de universal e diverso serem conceitos aparentemente opostos e abstratos, eles têm sido utilizados em contextos históricos comuns, no âmbito dos processos de globalização. Segundo Ortiz, levando em consideração as especificidades de cada cultura, o conceito de diversidade torna-se automaticamente um valor universal.

"A democracia, a liberdade e o direito à cidadania são termos de valorização universal. Mas se, por exemplo, defendo as cotas universitárias para negros no Brasil, também defendo um discurso de igualdade, idéia que remete à diversidade", disse.

"Estamos assistindo a uma ressemantização da diversidade, que é emprestada da tradição universalista. No espaço do mundo contemporâneo atual estão sendo gestadas novas significações de termos usados nas universidades e em discursos políticos, muitas vezes sem dar conta de que se trata de termos que trazem um conjunto de significados comuns", afirmou Ortiz.


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