O mapa dos ventos exibe espécies de rodovias aéreas para a dispersão de plantas (foto: divulgação)

Dispersão eólica em larga escala
27 de maio de 2004

Com base em dados gerados pela Nasa, grupo de pesquisadores espanhóis encontra forte correlação entre o vento de longa-distância e a distribuição da flora em algumas regiões do Hemisfério Sul

Dispersão eólica em larga escala

Com base em dados gerados pela Nasa, grupo de pesquisadores espanhóis encontra forte correlação entre o vento de longa-distância e a distribuição da flora em algumas regiões do Hemisfério Sul

27 de maio de 2004

O mapa dos ventos exibe espécies de rodovias aéreas para a dispersão de plantas (foto: divulgação)

 

Agência FAPESP - O vento é um aliado das plantas. O fenômeno da dispersão de sementes – principalmente de musgos, líquens e pteridófitas – é sempre movido pelo deslocamento do ar. Mas o que se começa a entender agora é que o vento de longas distâncias, que sopra sobre os oceanos, também ajuda na colonização de novas regiões. Ele teria um papel mais decisivo, por exemplo, que a dispersão por proximidade geográfica.

Um estudo realizado por um grupo de pesquisadores da Espanha, publicado na edição de 21 de maio da revista Science, partiu de dados gerados por satélites da Nasa, a agência espacial norte-americana, para identificar essa inédita correlação. Ao compararem a ocorrência de líquens, musgos e outras plantas entre várias localidades do Pólo Sul, a dipersão pelos ventos de longa distância se mostrou mais importante do que a distância geográfica entre as áreas de estudo.

Apesar de uma simples e antiga suspeita científica ter começado a ganhar contornos mais definidos, os cientistas avisam que será difícil conseguir testar de forma sistemática essa hipótese defendida por eles. O problema, segundo Jesús Muñoz, pesquisador do Jardim Botânico Real de Madri e principal autor do estudo, é que existem lacunas grandes nas séries históricas sobre ventos de longa distância no Hemisfério Sul. O satélite que gera dados sobre ventos oceânicos na Antártica, por exemplo, funciona apenas desde 1999.

O estudo publicado comparou 27 pontos geográficos na Antártica. Ao todo, foram analisadas 1.851 espécies de quatro grupos vegetais. Para chegar ao resultado de que o vento tem mais similaridade com as espécies do que a distância geográfica entre elas, foram realizados testes estatísticos.

O mapa dos ventos exibe espécies de "rodovias" aéreas para a dispersão de plantas. Foi possível identificar, pelos dados gerados pelo grupo espanhol, que a correlação florística entre dois pontos é maior dentro dessas "rodovias" do que fora dela. Isso se for levado em consideração pontos eqüidistantes geograficamente.


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