Disparos fatais
26 de janeiro de 2005

Na década de 90, 266 mil pessoas – a maioria jovens do sexo masculino - morreram vítimas de disparos por armas de fogo no Brasil. Essa é uma das principais constatações de um estudo recém-lançado pelo Centro de Estudos da Violência da USP

Disparos fatais

Na década de 90, 266 mil pessoas – a maioria jovens do sexo masculino - morreram vítimas de disparos por armas de fogo no Brasil. Essa é uma das principais constatações de um estudo recém-lançado pelo Centro de Estudos da Violência da USP

26 de janeiro de 2005

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - As armas de fogo tiveram um forte impacto nos índices de mortalidade registrados no Brasil durante a década de 1990. Elas causaram 266 mil ocorrências, a maioria entre jovens do sexo masculino de 15 a 24 anos de idade. O número de vidas perdidas por esse tipo de morte cresceu 38% entre 1991 e 2000. É a única categoria das chamadas causas externas que registrou aumento no número de óbitos.

"A mortalidade por armas de fogo, apesar de atingir bastante os jovens, também vem crescendo em outras faixas etárias e em ambos os sexos", disse Guilherme de Almeida, pesquisador do Centro de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, à Agência FAPESP. A instituição paulista, um dos dez centros de pesquisa, inovação e difusão (CEPID) da FAPESP, acaba de lançar o relatório "Violência por armas de fogo no Brasil". O estudo, coordenado pela pesquisadora Maria Fernanda Tourinho Peres, teve o apoio técnico da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil e da organização internacional Small Arms Survey.

A pesquisa mostra que a maior parte das ocorrências foi registrada nos grandes centros urbanos e nas capitais do país. Os piores números foram encontrados nas cidades de Recife, Cuiabá, Vitória, Rio de Janeiro e São Paulo. De todas as sedes dos governos dos estados, 19 tiveram maior quantidade de mortes por arma de fogo nos anos 1990.

Dos 266 mil casos investigados, mostra a análise feita pelo Centro, 82% foram provocados por homicídios, 5% foram conseqüências de suicídios e 2% devido às mortes acidentais. Nos 11% de casos restantes, a intenção das mortes não foi determinada.

Para o pesquisador da USP é importante que se melhore a qualidade da informação sobre violência no país e, ainda, que aumentem as trocas de dados entre as diversas agências e secretarias de segurança pública dos estados. "A pesquisa se concentrou apenas no universo dos dados oficiais ou no fato morte conhecido. Existem muitas ocorrências que não são documentadas, o que acaba gerando um porcentual de desconhecimento", adverte Almeida.

Apesar desses problemas, o estudo, na avaliação do pesquisador, tem uma importância bastante grande. "Com os dados presentes no relatório já é possível formular políticas públicas eficientes capazes de amenizar o problema e ainda criar ações para pautar a atuação da sociedade civil", disse.


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