Medicamentos anti-inflamatórios amplamente utilizados, como a aspirina, atuam justamente inibindo a formação de algumas dessas moléculas (imagem: Julia Koblitz/Unsplash)
Iniciativa internacional com participação de pesquisadora do Redoxoma, um CEPID da FAPESP, aprimora a investigação de oxilipinas. Derivadas de ácidos graxos, elas desempenham papel central em processos fisiológicos e patológicos. Quantificá-las com precisão em amostras biológicas é um desafio que requer metodologia rigorosa
Iniciativa internacional com participação de pesquisadora do Redoxoma, um CEPID da FAPESP, aprimora a investigação de oxilipinas. Derivadas de ácidos graxos, elas desempenham papel central em processos fisiológicos e patológicos. Quantificá-las com precisão em amostras biológicas é um desafio que requer metodologia rigorosa
Medicamentos anti-inflamatórios amplamente utilizados, como a aspirina, atuam justamente inibindo a formação de algumas dessas moléculas (imagem: Julia Koblitz/Unsplash)
Agência FAPESP * – Uma equipe internacional envolvendo cerca de 100 pesquisadores de mais de 70 instituições estabeleceu diretrizes padronizadas para analisar oxilipinas usando cromatografia líquida com espectrometria de massas. As oxilipinas, lipídios bioativos derivados de ácidos graxos, desempenham papéis centrais em processos fisiológicos e patológicos, como inflamação, imunidade, câncer e doenças neurodegenerativas e cardiovasculares.
A elaboração das diretrizes foi liderada por Valerie O’Donnell, da Cardiff University, no Reino Unido, e Nils Helge Schebb, da University of Wuppertal, na Alemanha, em uma colaboração que envolveu instituições acadêmicas, indústria e laboratórios clínicos. No Brasil, o grupo da pesquisadora Sayuri Miyamoto, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) e do Centro de Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma), participou da iniciativa, contribuindo para a definição das recomendações detalhadas apresentadas no trabalho.
O Redoxoma é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela FAPESP e sediado no IQ-USP.
“Essa diretriz é essencial para avançar nos estudos quantitativos robustos, voltados não só para a pesquisa básica, mas principalmente para estudos clínicos”, diz Miyamoto. Ela destaca ainda a importância das novas diretrizes para a padronização das análises, o que permite maior reprodutibilidade entre laboratórios e facilita a transposição de descobertas científicas à prática clínica.
Identificadas pela primeira vez na década de 1930, as oxilipinas continuam chamando a atenção de cientistas por causa de seus papéis em vários processos biológicos. Medicamentos anti-inflamatórios amplamente utilizados, como a aspirina, atuam justamente inibindo a formação de algumas dessas moléculas. No entanto, quantificá-las com precisão em amostras biológicas representa um desafio técnico que requer metodologias sensíveis, seletivas e rigorosas.
Nas últimas décadas, o avanço de tecnologias como a cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas em tandem (com dois estágios de análise) possibilitou o escrutínio de até 200 espécies de oxilipinas em uma única corrida analítica. Apesar disso, a falta de padronização entre métodos e plataformas dificultava a comparação de dados e a consolidação de resultados entre diferentes grupos de pesquisa.
Segundo a pesquisadora do Redoxoma, as novas diretrizes representam um marco para o campo da lipidômica redox, “oferecendo um guia essencial para pesquisadores experientes e principalmente para aqueles que estão iniciando na área”. A expectativa é que as recomendações impulsionem avanços significativos no entendimento do papel das oxilipinas em diferentes doenças humanas, com aplicações potenciais em diagnóstico e terapias.
“Em resposta à reconhecida necessidade de orientação especializada para a análise das oxilipinas, ficamos muito satisfeitos com as contribuições e o feedback que recebemos de um número tão grande de nossos colegas em todo o mundo”, afirma Valerie O’Donnell em comunicado à imprensa.
“Essas recomendações agora representam a referência para a área, e esperamos que levem a estudos reprodutíveis que aprimorem nossa compreensão sobre o papel das oxilipinas na saúde e na doença”, destaca Nils Helge Schebb.
O trabalho foi detalhado no artigo “Technical recommendations for analyzing oxylipins by liquid chromatography-mass spectrometry”, publicado na revista Science Signaling.
* Com informações de Maria Celia Wider, do Redoxoma.
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