A partir do Microraptor gui, cientistas discutem uma velha polêmica: seriam as aves realmente descendentes dos dinossauros? (foto: W.Castilhos)

Dinossauros com penas
11 de agosto de 2005

Com a exibição de uma das únicas réplicas no mundo do "plumado" Microraptor gui, cientistas discutem no Rio de Janeiro uma velha polêmica: seriam as aves realmente descendentes dos dinossauros?

Dinossauros com penas

Com a exibição de uma das únicas réplicas no mundo do "plumado" Microraptor gui, cientistas discutem no Rio de Janeiro uma velha polêmica: seriam as aves realmente descendentes dos dinossauros?

11 de agosto de 2005

A partir do Microraptor gui, cientistas discutem uma velha polêmica: seriam as aves realmente descendentes dos dinossauros? (foto: W.Castilhos)

 

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP - Uma das únicas réplicas no mundo do Microraptor gui, espécie de dinossauro recentemente descrita na China e que apresentava penas nas pernas e nos braços, é uma das principais atrações do 2o Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados, que vai até esta sexta-feira (12/8), no Rio de Janeiro. A raridade, entretanto, está levantando uma velha polêmica: seriam as aves realmente descendentes dos dinossauros?

O paleobiólogo norte-americano Terry Jones, da Universidade Estadual da Califórnia, nos Estados Unidos, afirmou que "pássaros e dinossauros têm uma relação próxima", mas deixou claro que não acredita numa descendência direta de um para o outro. "Não podemos afirmar o quão próxima é essa relação", disse.

Jones descartou a hipótese de descendência baseada no critério da existência de penas em alguns dinossauros. "Eu diria que pouquíssimos dinossauros, ou mesmo nenhum, têm penas", afirmou.

Ele estuda há dois anos cinco outras espécies de dinossauros chineses com a mesma característica peculiar ao Microraptor gui. "Na maioria dos casos não são penas. Em meu trabalho tento provar se o animal tem realmente penas ou não. Quando penas fossilizam, elas não quebram. Muitas vezes estamos diante de formas de bactérias fossilizadas", disse.

Preliminarmente, a equipe do pesquisador concluiu que apenas três das cinco espécies estudadas parecem apresentar alguma estrutura de epiderme. "As outras não apresentavam nem mesmo essas estruturas, muito menos penas", disse.

Para Alexander Vargas, da Universidade do Chile, a questão é quase um consenso entre os paleontólogos. Segundo ele, as aves descendem especificamente de dinossauros carnívoros, como o tiranossauro, devido à similaridade morfológica.

Vargas estuda a origem terópode (grupo de dinossauros carnívoros) dos pássaros. Porém, essa relação tem sido contestada por muitos, por conta de algumas diferenças em relação aos dedos de dinossauros e aves, por exemplo.

É provado que os primeiros só apresentavam os dedos polegar, indicador e médio. Para aqueles que, como Vargas, tentam provar a semelhança, as aves atuais também teriam esses mesmos dedos. Por outro lado, os argumentos contrários afirmam que os pássaros atuais não teriam o polegar e o dedo mínimo, o que derrubaria por terra a hipótese da "dinodescendência" das aves.

Por meio de um processo de expressão gênica, realizado com o embrião de um rato e de uma galinha, o pesquisador chileno demonstrou que os genes presentes no embrião da galinha são os genes que formam os dedos polegar, médio e indicador. "Definitivamente, não há controvérsia na identidade dos dedos", concluiu.


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