Dinamismo educacional

Livro lançado pelo IEA e pela Edusp e conferência do senador Cristovam Buarque, eventos realizados na segunda-feira (15/5), na USP, tentam mapear os desafios do ensino superior no país

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - O sempre polêmico debate sobre o futuro do ensino superior no Brasil costuma abordar diversos pontos importantes e nunca um único caminho é apontado como solução. Nesta segunda-feira (15/5), na Universidade de São Paulo, a discussão não fugiu da regra, mas pelo menos surgiu um ponto consensual.

"A grande reforma para a universidade, hoje, se ela quiser ajudar no desenvolvimento da ciência e da tecnologia, é fazer com que se aumente o potencial das pessoas que ingressam nela", afirmou Cristovam Buarque, durante conferência realizada nesta segunda-feira (15/5), no Instituto de Estudos Avançados (IEA).

O atual senador da república e ex-reitor da Universidade de Brasília, cargo ocupado entre 1985 e 1989, não tem dúvida de que a universidade precisa cada vez mais ajudar na melhoria da qualidade do ensino básico.

"Se houvesse um prêmio Nobel de futebol, com certeza o Brasil já teria ganho muitas vezes", disse. Para Buarque, enquanto a escolha do vencedor do prêmio esportivo seria feita com base em praticamente toda a população, o que ocorre hoje, com o setor educacional, é totalmente diferente. "A seleção para entrada na universidade é feita com um conjunto de pessoas muito pequeno. A maioria da população não chega ao fim do ensino médio", disse.

A conferência de Buarque, intitulada "A pós-universidade", foi precedida pelo lançamento do livro Ensino Superior: Conceito & Dinâmica, organizado pelos professores João Steiner e Gerard Malnic, ambos da USP. A publicação, co-editada pelo IEA e pela Edusp, reúne as participações de 18 pesquisadores que participaram da temática semestral "Os desafios do ensino superior no Brasil", realizada entre novembro de 2004 e abril de 2005.

"Os textos do livro não estão focados em assuntos muito pontuais, como a reforma universitária que está em curso no Congresso, por exemplo. Procuramos fazer uma boa discussão de fundo", explica Steiner, diretor do IEA, à Agência FAPESP. "Alguns artigos, como o da professora Nina Beatriz Ranieri [da Faculdade de Direito da USP], discutem a importante questão da autonomia universitária. Tentamos abordar todos os lados do problema."

Dentro da proposta de uma universidade para todos, dinâmica e aberta, proposta por Buarque – que destacou 14 itens que considera como qualidades fundamentais para a "pós-universidade" –, o diretor do IEA lembrou de uma iniciativa, a da biblioteca eletrônica SciELO, que reúne periódicos científicos brasileiros e que estaria voltada para o novo espírito defendido na conferência desta segunda-feira.

"Foram 5 milhões de downloads no mês passado. O único problema é que para acessar esse conteúdo as pessoas precisam, primeiro, ter acesso à internet e, segundo, ter sido relativamente bem alfabetizada durante o ensino médio", disse. Para Steiner, a melhoria dos níveis básico e fundamental de ensino é algo que deve estar ligado com a universidade em todos os sentidos.

Mais informações: www.iea.usp.br/iea/ensinosuperior