Pesquisa mostra que a fronteira urbana de São Paulo cresceu, em média, 6,3% ao ano entre 1991 e 2000 (foto: Inpe)

Dinâmica demográfica selvagem
23 de setembro de 2004

Pesquisa que será apresentada no Encontro Nacional de Estudos Populacionais mostra que a fronteira urbana de São Paulo cresceu, em média, 6,3% ao ano entre 1991 e 2000. Sem esse aumento, a metrópole, que perdeu população em áreas centrais, teria taxa de expansão nula

Dinâmica demográfica selvagem

Pesquisa que será apresentada no Encontro Nacional de Estudos Populacionais mostra que a fronteira urbana de São Paulo cresceu, em média, 6,3% ao ano entre 1991 e 2000. Sem esse aumento, a metrópole, que perdeu população em áreas centrais, teria taxa de expansão nula

23 de setembro de 2004

Pesquisa mostra que a fronteira urbana de São Paulo cresceu, em média, 6,3% ao ano entre 1991 e 2000 (foto: Inpe)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Uma dinâmica demográfica selvagem. Esse é o adjetivo ideal, segundo o pesquisador Haroldo da Gama Torres, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), para classificar o crescimento da cidade de São Paulo entre 1991 e 2000.

"Enquanto algumas regiões da cidade perdem volumes significativos da população em termos absolutos, outras áreas crescem a taxas muito expressivas", explicou Gama Torres à Agência FAPESP. O trabalho Fronteira Paulistana, feito pelo pesquisador, será apresentado nesta quinta-feira (23/9) na cidade mineira de Caxambu, em uma das sessões do 14º Encontro Nacional de Estudos Populacionais. O tradicional evento é organizado anualmente pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep).

A área que se expande, pelos dados compilados na década de 1990, não é o centro metropolitano paulistano ou muito menos a chamada periferia consolidada. O crescimento se verifica além dessa periferia, na que está sendo chamada de fronteira paulistana. "Essa área cresce, em média, 6,3% ao ano, tendo passado de 19% para 30% da população total da Mancha Urbana de São Paulo no período analisado", disse o pesquisador do Cebrap.

O estudo mostra que, como o centro metropolitano paulistano está perdendo população nos últimos anos, sem a expansão exuberante da fronteira as taxas de crescimento da metrópole seriam nulas. Para Gama Torres está claro que o fluxo migratório de outros Estados, mesmo tendo diminuído em relação aos anos de 1960 e 1970, continua sendo bastante importante para fomentar esse processo. "Claramente continua a se observar o aterrador fenômeno do crescimento por elaboração de periferias, embora ele se dê com outros significados do que os pensados anteriormente", disse.

Segundo o trabalho, o termo "selvagem" também se relaciona às questões sociais e ambientais existentes nessas fronteiras. A exclusão é praticamente imperativa e, quando o Estado acaba atuando nessas áreas – ao melhorar a infra-estrutura, por exemplo – ele leva o problema para ainda mais longe da Praça da Sé. Com a chegada das benfeitorias, o valor dos imóveis sobe e quem não tem renda precisa se mudar novamente.

Para Gama Torres, o enfrentamento desse problema passa pela resposta de uma importante indagação. "Por quanto tempo ainda continuaremos a produzir novas periferias? Será que o fim da transição demográfica, aliado a um contexto de universalização da modernização da agricultura, será capaz de reduzir o estoque de população potencialmente migrante para a fronteira urbana ou, então, seguiremos ao longo das próximas décadas produzindo novas fronteiras, ainda mais distantes e precárias?", questiona o pesquisador.


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