Cientistas tentam entender como o gênero Nothofagus se espalhou por todo o Hemifério Sul

Dinâmica complexa
12 de janeiro de 2005

Cientistas da Nova Zelândia demonstram que tanto a dispersão de sementes pelo oceano como o processo de deriva continental devem ser usados para explicar a distribuição de alguns representantes do gênero Nothofagus pelo Hemisfério Sul

Dinâmica complexa

Cientistas da Nova Zelândia demonstram que tanto a dispersão de sementes pelo oceano como o processo de deriva continental devem ser usados para explicar a distribuição de alguns representantes do gênero Nothofagus pelo Hemisfério Sul

12 de janeiro de 2005

Cientistas tentam entender como o gênero Nothofagus se espalhou por todo o Hemifério Sul

 

Agência FAPESP - A história dos registros fósseis do gênero Nothofagus tem pelo menos 80 milhões de anos. Isso significa voltar ao tempo do Gonduana, um dos continentes que surgiram a partir da Pangea e que reunia a Antártica atual, além da Austrália, América do Sul, África e Índia.

As árvores de caules robustos, como as que formam os bosques patagônicos, por exemplo, não são exclusivas da América do Sul. Alguns gêneros de Nothofagus aparecem também na Austrália e na Nova Zelândia.

Por causa dessa correlação entre porções de terras tão distantes, uma linha de pesquisadores defende a tese de que esses exemplares migraram junto com os continentes. Não houve, portanto, uma dispersão de sementes pelo oceano depois que as separações ocorreram.

Para tentar descobrir se é a dispersão ou a deriva continental a responsável pela distribuição atual do gênero Nothofagus, Peter Lockhart, da Universidade Massey, na Nova Zelândia, e colaboradores resolveram fazer um grande mapa filogenético de 11 espécies de três subgêneros (Lophozonia, Fuscospora e Nothofagus) do vegetal.

Para surpresa dos próprios pesquisadores, foram obtidas evidências de que os dois processos contribuíram para a distribuição dessas plantas. Ou seja, a dinâmica e a história evolutiva da biodiversidade é muito mais complexa do que podia parecer em um primeiro momento.

As análises dos fragmentos dos genomas dos cloroplastos das espécies mostraram, por exemplo, que a relação entre a Lophozonia e a Fucospora da Austrália e da Nova Zelândia é mais recente que a última separação dos continentes. Entretanto, a comparação entre os mesmos subgêneros Fucospora da América do Sul e da Austrália mostrou que eles se distanciaram um do outro dentro dos próprios continentes.

Para os autores, uma das principais conclusões, além de revelar uma complexidade nem sempre considerada em estudos sobre biodiversidade, é mostrar a importância que as análises moleculares têm em estudo de dispersões em grandes escalas. Nem a dispersão oceânica nem a deriva continental devem ser consideradas vencedoras.

Para ler a íntegra do artigo publicado on-line pela Public Library of Science, clique aqui.


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