Evento foi realizado no auditório da FAPESP na última terça-feira (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
Em evento de comemoração dos 50 anos da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, participantes elencam os desafios da carreira acadêmica e propõem estratégias para atrair jovens talentos
Em evento de comemoração dos 50 anos da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, participantes elencam os desafios da carreira acadêmica e propõem estratégias para atrair jovens talentos
Evento foi realizado no auditório da FAPESP na última terça-feira (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)
André Julião | Agência FAPESP – No mês em que celebra 50 anos de sua fundação, a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) reuniu, no auditório da FAPESP, em São Paulo, pesquisadores de diferentes gerações para discutir o futuro da ciência realizada no Estado e, por extensão, no Brasil. O evento foi transmitido ao vivo na terça-feira (13/08) e pode ser conferido no YouTube.
“Temos grandes desafios pela frente e a certeza de que a Academia de Ciências do Estado de São Paulo dará uma contribuição muito grande para tentar vencê-los. São Paulo tem uma liderança notória e, portanto, uma responsabilidade maior em relação ao país”, disse Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, durante a mesa de abertura.
Para Zago, a solução não passa apenas por destinar mais recursos para as regiões carentes em investimentos em ciência e tecnologia, mas também por garantir a estabilidade do financiamento, de forma a permitir a realização de projetos de longo prazo como faz a FAPESP.
A Constituição paulista prevê que 1% da arrecadação vá para a Fundação. Como resultado, acrescentou Zago, São Paulo pode se orgulhar de números como 28% da produção científica do país, sendo 45% da produção científica de grande qualidade, com publicações nos periódicos mais importantes do mundo. No que concerne à produção médica de maior impacto, São Paulo conta com 60%, além da liderança entre os Estados no Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (Ibid), do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
“Não depende de riqueza, mas de política”, pontuou Zago.
O evento foi organizado pela Aciesp e pela FAPESP e teve como comissão organizadora Adriano Andricopulo, presidente da Aciesp, Carlos Graeff e Glaucius Oliva, que atuaram como mediadores.
Para Renato Janine Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o futuro da ciência brasileira precisa passar pela educação básica.
“Não teremos justiça social ou um país produzindo o que ele pode produzir se não tivermos uma boa educação básica, essa deve ser uma prioridade nacional. Talvez isso seja menos popular, menos atraente, do que prometer às pessoas que seus filhos terão diploma universitário. Mas é o fundamento de tudo. Precisamos disso porque se nosso país consegue chegar a números bastante razoáveis mesmo com a exclusão de três quartos da população, imagine o que poderia fazer [com uma maior inclusão]”, afirmou.
Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), disse que não será a sua geração a convencer os jovens a ingressar na carreira científica, mas os pesquisadores que estão começando agora. Professora da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) e membro da SBPC desde 1969, Nader falou à audiência da importância de exercer pelo voto a luta pela ciência no Brasil, além de cobrar dos diferentes governos o financiamento à pesquisa. “É preciso fazer valer o financiamento do Estado”, disse.
Atrair jovens talentos
Representando o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), o reitor da Universidade de São Paulo (USP), Gilberto Carlotti, lembrou que atrair os jovens para a carreira científica passa por reformular a graduação e a pós-graduação.
“Europa, Ásia e América do Norte estão revendo seus modelos de pós-graduação para dinamizar, acelerar e formar com interdisciplinaridade profissionais que se preocupem com políticas públicas, inovação, que sejam líderes para modificar o ambiente onde atuarem”, argumentou.
Uma proposta que está em curso é a de reduzir o tempo para formar doutores, que atualmente chega a nove anos e meio no Brasil, entre mestrado e doutorado. Em vez dos seis anos mínimos somados os dois cursos, as universidades poderiam adotar um mestrado mais curto, que preparasse o aluno para o doutorado.
Ao falar sobre formas de tornar a carreira científica mais atrativa, Zago lembrou do reajuste de até 45% das bolsas da FAPESP (leia mais em: agencia.fapesp.br/52055).
Marcio de Castro Silva Filho, diretor científico da FAPESP, notou ainda que, em 2023, a Fundação teve o maior número de submissões de propostas de pesquisadores que nunca antes tinham submetido projetos à entidade. Outro fator que pode contribuir para um aumento ainda maior é a redução de 27% no tempo de análise das propostas.
Castro citou ainda os programas Jovem Pesquisador 2, que receberá propostas em fluxo contínuo, e Sprint JP, que estimulará a cooperação desses pesquisadores com colegas estrangeiros. Além de um edital específico, a ser lançado nos próximos meses, para pesquisadores seniores que nunca submeteram projetos à FAPESP.
Por último, pesquisadores em início e meio de carreira apresentaram seus projetos em andamento e debateram sobre os principais desafios enfrentados, quando a plateia pôde ainda fazer perguntas.
O evento pode ser conferido na íntegra em: www.youtube.com/watch?v=KEELTFWX3us&t=1504s.
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