Pesquisa analisou a relação entre discriminação racial e desempenho escolar entre alunos de uma escola de São Paulo. Houve uma tendência a 'clarear' os alunos com melhor desempenho (foto: divulgação)
Pesquisa analisa a relação entre discriminação racial e desempenho escolar entre alunos de uma escola pública na capital paulista. Houve uma tendência a "clarear" os alunos com melhor desempenho
Pesquisa analisa a relação entre discriminação racial e desempenho escolar entre alunos de uma escola pública na capital paulista. Houve uma tendência a "clarear" os alunos com melhor desempenho
Pesquisa analisou a relação entre discriminação racial e desempenho escolar entre alunos de uma escola de São Paulo. Houve uma tendência a 'clarear' os alunos com melhor desempenho (foto: divulgação)
Agência FAPESP - Até que ponto a classificação racial dos alunos em uma escola, feita pelos próprios professores, pode influenciar no desempenho escolar? A pergunta foi feita por Marília Carvalho, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
A pesquisadora analisou uma amostra de 230 alunos e oito professores de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental de uma escola pública da capital paulista.
"Partimos da hipótese de que a atribuição de raça, no âmbito da escola, não estava relacionada apenas às características físicas e ao nível socioeconômico", disse Marília à Agência FAPESP. Segundo a pesquisa, a classificação feita pelas educadoras também apresentou forte relação com o nível de aprendizagem dos alunos. "A maioria dos indicados para as aulas de reforço escolar foi classificada como sendo negra", conta.
A pesquisa envolveu entrevistas com as professoras e coordenadoras pedagógicas da escola. Familiares dos alunos também preencheram um questionário de caracterização socioeconômica e as crianças responderam, em sala de aula, a um breve questionário de autoclassificação racial.
De acordo com o estudo, as professoras tenderam a perceber como negras aqueles com maior dificuldade de aprendizado, além de avaliarem de forma um pouco mais negativa o desempenho desses alunos. "Nossa hipótese inicial foi confirmada: as professoras ‘clareiam’ crianças de melhor desempenho e avaliam com maior rigor as que percebem como negras", diz Marília.
A tendência foi particularmente mais intensa em relação aos meninos, o que indica a presença de uma forte associação entre masculinidade negra e baixo desempenho escolar. Para Marília, a justificativa mais viável é que as professoras estejam reproduzindo nas relações escolares uma discriminação préexistente e de origem social.
"Mas não basta apenas acusar as professoras de discriminação racial, pois elas não são mais ou menos racistas do que a grande maioria dos cidadãos brasileiros. Vivemos em uma sociedade historicamente racista. Precisamos discutir o assunto com maior profundidade, pois se trata de um problema mais amplo e que envolve a sociedade como um todo", ressalva a pesquisadora.
Os resultados do estudo foram publicados no artigo "Quem é negro, quem é branco: desempenho escolar e classificação racial de alunos", na Revista Brasileira de Educação.
Para ler o artigo na íntegra, na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui
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