Pesquisadores da Fiocruz utilizam microarrays para tentar elucidar os mecanismos moleculares que induzem à dengue hemorrágica (foto: Inst. Pedro Kouri)
Pesquisadores da Fiocruz utilizam microarrays para tentar elucidar os mecanismos moleculares que induzem à dengue hemorrágica. Objetivo é criar kit para forma severa da doença
Pesquisadores da Fiocruz utilizam microarrays para tentar elucidar os mecanismos moleculares que induzem à dengue hemorrágica. Objetivo é criar kit para forma severa da doença
Pesquisadores da Fiocruz utilizam microarrays para tentar elucidar os mecanismos moleculares que induzem à dengue hemorrágica (foto: Inst. Pedro Kouri)
Por Cleide Alves, de Recife
Agência FAPESP – Pesquisadores do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), braço da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco, iniciaram um estudo para tentar elucidar os mecanismos moleculares que induzem à dengue hemorrágica.
O objetivo é esclarecer por que pessoas infectadas pelo mesmo tipo de vírus e com a mesma carga viral desenvolvem formas diferentes da doença – alguns pacientes apresentam sintomas da dengue hemorrágica fatal e outros, o tipo clássico.
“Estamos abrindo caminho para responder a essa pergunta”, disse Carlos Calzavara, pesquisador do CPqAM durante o 1º Encontro da Rede Pan-Americana de Pesquisa em Dengue, realizado na semana passada no Recife.
Apesar do contínuo aumento do conhecimento sobre a doença, a questão ainda não foi resolvida. Sabe-se, por enquanto, que a explicação está relacionada a uma série de fatores, como o tipo do vírus, a carga viral, o genoma do paciente, o estado geral do doente (se está bem nutrido e com o sistema imunológico equilibrado) e questões ambientais.
Calzavara explicou que o trabalho começou a ser desenvolvido com ensaio de microarrays de DNA, em uma parceria com a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Os pesquisadores identificaram genes que, ainda na fase aguda da doença, são expressos de forma diferente em pacientes com dengue hemorrágica e com dengue clássica.
“Esse é o caminho para explicar o que leva pessoas infectadas com o vírus da dengue a responder de forma tão diversa à infecção”, afirmou. Segundo ele, milhares de genes foram identificados com expressão distinta. Agora, é preciso descobrir qual deles está vinculado à dengue hemorrágica.
No estudo, os cientistas priorizam seis genes possivelmente relacionados com sintomas da doença. Em busca das respostas, trabalham com uma amostra de pacientes com dengue hemorrágica (15 pessoas) e dengue clássica (15 doentes), comprovada em testes clínico, sorológico e molecular. Além de um grupo controle com cinco pessoas saudáveis.
“Usamos uma técnica de laboratório chamada PCR quantitativa em tempo real (qPCR), que permite medir o nível de expressão dos prováveis marcadores da dengue hemorrágica”, disse Calzavara. O objetivo final da pesquisa é tentar estabelecer um kit prognóstico do desenvolvimento da forma severa da doença.
Quando se chegar a esse estágio, com base na amostra de sangue, os pesquisadores terão condições de medir a propensão à dengue hemorrágica de um paciente que chega ao hospital com sintomas da doença. “Isso torna mais eficaz o atendimento ao paciente com dengue hemorrágica. Sabemos que o tempo de tratamento é crucial para a recuperação do paciente”, destacou.
O prognóstico, segundo o pesquisador do CPqAM, contribuirá com a diminuição da mortalidade e a redução do número de internações hospitalares. "Mas é um caminho ainda preliminar", afirmou.
Além de Calzavara, participaram do estudo Laura Gil e Ernesto Marques Júnior. Todos são vinculados ao Departamento de Virologia e Terapia Experimental do Instituto Aggeu Magalhães.
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