Pesquisa da UFMG mostra que os homens ganham em média 60% a mais do que as mulheres

Diferença gritante
31 de agosto de 2005

Pesquisa da UFMG mostra que os homens ganham em média 60% a mais do que as mulheres. Isso ocorre geralmente porque a mulher trabalha menos e está inserida em atividades pouco valorizadas

Diferença gritante

Pesquisa da UFMG mostra que os homens ganham em média 60% a mais do que as mulheres. Isso ocorre geralmente porque a mulher trabalha menos e está inserida em atividades pouco valorizadas

31 de agosto de 2005

Pesquisa da UFMG mostra que os homens ganham em média 60% a mais do que as mulheres

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Os homens brasileiros ganham, em média, 60% a mais do que as mulheres. Essa remuneração inferior indica que maior escolaridade nem sempre garante melhores salários às mulheres. Essas são algumas conclusões do estudo Sexo frágil? Evidências sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho brasileiro, desenvolvido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

"A mulher ganha menos por trabalhar menos ou por ocupar postos pouco valorizados, como o de empregada doméstica", disse Simone Wajnman, uma das autoras do estudo, à Agência FAPESP. "Mas as brasileiras têm, em média, um ano a mais de escolaridade do que os homens. São 6,5 anos contra 5,5 anos."

Apesar de os salários masculinos serem maiores, esse diferencial cai para 33% ao se considerar o salário proporcional às horas trabalhadas. Os homens têm salários superiores, mas também trabalham mais horas por semana. Em 2003, por exemplo, apenas 55% das mulheres se dedicavam à jornada de 40 horas semanais, contra 80% dos homens.

"Muitos chefes de família, devido às suas responsabilidades domésticas e à falta de opção, acabam aceitando trabalhos incompatíveis com suas pretensões e também se distanciam de sua formação. As mulheres tendem a esperar por um emprego melhor", aponta Simone.

A pesquisa contou com a participação das professoras do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG, Ana Flávia Machado e Ana Maria Hermeto Camilo. Os dados foram extraídos da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que teve como referência o período de 1982 a 2003.

O levantamento constatou também que as maiores taxas de desemprego foram verificadas entre as mulheres. Em 2003, o desemprego era cinco pontos percentuais maior no público feminino (13%) do que no masculino (8%). E as mulheres negras enfrentam dificuldades ainda maiores: em 1990, eram 46% desempregadas e, em 2003, 51%. "Ao longo dos anos, apesar de as mulheres terem conseguido uma inserção no mercado de trabalho cada vez mais igualitária, ainda há uma grande discriminação contra o trabalho feminino", acredita Simone.

Um dado animador foi a evolução da taxa de atividade feminina nos últimos 50 anos, em que foi verificado um crescimento de 30 pontos em relação ao da masculina. O fato deve-se, entre outras coisas, à necessidade de complementação da renda familiar. "Entre as mulheres mais jovens, com menos de 30 anos de idade e que ainda vivem com os pais, algumas chegam a ganhar mais do que os homens da mesma faixa etária", ressalta Simone.

Sobre as atividades, há maior concentração de mulheres nos ramos de alimentação, educação, saúde, serviços sociais e domésticos. Os homens estão mais presentes nas áreas de construção, transporte, comunicação, indústria e comércio.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.