Pesquisadores da Unesp adaptam aparelho que impede a abertura da boca em cirurgias de correção da mandíbula para o tratamento da obesidade mórbida (foto: divulgação)

Dieta da boca fechada
25 de agosto de 2005

Pesquisadores da Unesp adaptam aparelho que impede a abertura da boca em cirurgias de correção da mandíbula para o tratamento da obesidade mórbida. Um dos voluntários perdeu 30 quilos em seis semanas

Dieta da boca fechada

Pesquisadores da Unesp adaptam aparelho que impede a abertura da boca em cirurgias de correção da mandíbula para o tratamento da obesidade mórbida. Um dos voluntários perdeu 30 quilos em seis semanas

25 de agosto de 2005

Pesquisadores da Unesp adaptam aparelho que impede a abertura da boca em cirurgias de correção da mandíbula para o tratamento da obesidade mórbida (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Inspirados na máxima popular de que fechar a boca é a melhor solução para emagrecer, pesquisadores do Hospital das Clínicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, descobriram um tratamento que tem se mostrado eficiente na luta pela perda de peso.

Enquanto acompanhava a recuperação clínica de pacientes que se submeteram a cirurgias de correção da mandíbula, o professor do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina da Unesp, Fausto Viterbo, detectou o potencial de um aparelho que impede a abertura da boca, composto de elásticos e fios metálicos que se prendem aos dentes.

Ao utilizar o aparelho, conhecido como fixador intermaxilar, associado a uma dieta de líquidos que inclui sopas, sucos e leite devido à impossibilidade de mastigar, o pesquisador resolveu adaptar a metodologia para casos de obesidade mórbida.

"Os pacientes ficavam surpresos no pós-operatório, pois conseguiam emagrecer muito rapidamente e de forma saudável. Eles diziam estar satisfeitos com a cirurgia de correção da mandíbula, mas estavam mais contentes ainda com a perda de peso", disse Viterbo à Agência FAPESP. "Então, resolvemos adotar esse procedimento como uma opção a mais no tratamento da obesidade."

A eficácia do aparelho foi comprovada por meio de uma pesquisa realizada no Hospital de Clínicas. Durante 42 dias, 17 mulheres e cinco homens, com idade entre 16 e 53 anos, conseguiram emagrecer até 20%. "Tivemos uma média de 7% na redução de peso, sendo que um paciente chegou a perder 30 quilos em seis semanas", garante.

Viterbo explica que o aparelho faz com que apenas os dentes fiquem encostados e o paciente consegue mexer os lábios normalmente. "Não há problemas para se comunicar, mas é preciso tirá-lo de vez em quando para exercitar o maxilar", conta. Com a boca fechada, o aparelho, semelhante ao ortodôntico, não é visível.

O pesquisador ressalta que, para ter resultado, o ideal é que o fixador intermaxilar permaneça na boca por no mínimo um mês. Outro cuidado é que ele precisa ser retirado uma vez por semana para limpeza e aplicação de flúor.

"O tratamento exige um acompanhamento de profissionais da ortodontia, além de endocrinologistas e nutricionistas, pois é preciso condicionar o paciente a mudar sua dieta e seus hábitos alimentares. O risco de voltar a engordar depois desse processo é sempre muito grande", explica Viterbo.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.