Dissertação sobre teste para detecção de rotavírus em três minutos confere a pesquisador da Fiocruz o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS (divulgação)
Dissertação sobre teste para detecção de rotavírus em três minutos confere a pesquisador da Fiocruz o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS
Dissertação sobre teste para detecção de rotavírus em três minutos confere a pesquisador da Fiocruz o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS
Dissertação sobre teste para detecção de rotavírus em três minutos confere a pesquisador da Fiocruz o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS (divulgação)
Agência FAPESP - Uma dissertação de mestrado apresentada no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, resultou em novo método para detecção de rotavírus, agente etiológico da doença diarréica aguda, responsável pela morte de milhares de crianças todos os anos no mundo.
O teste imunoquímico consiste na aplicação de um reagente específico, composto de microesferas de poliestireno conjugadas a um anticorpo anti-rotavírus, em uma lâmina com amostra das fezes do paciente. Com a observação da reação do preparado, uma aglutinação específica indica a presença do microrganismo e confere resultado positivo ao diagnóstico da doença.
"O anticorpo se acopla rapidamente ao capsídeo, a capa protéica do vírus, provocando uma reação de cadeia visível", disse o autor do trabalho, Waldemir de Castro Silveira, à Agência FAPESP.
"Esse é um princípio com pelo menos três décadas de existência, conhecido como teste de aglutinação em látex. O reagente é aplicado em cima das fezes, formando um aglomerado branco e leitoso. Se houver rotavírus, o material muda de aparência e fica com aspecto de grãos de areia", explica o pesquisador da Fiocruz.
Segundo Silveira, a inovação está na utilização de microesferas de poliestireno e do anticorpo anti-rotavírus fabricados no Brasil, o que confere baixo custo e rapidez ao diagnóstico. Quando começar a ser produzido em escala industrial, o teste custará R$ 0,60, para resultados em apenas três minutos.
"Quando a criança chega ao consultório com os sintomas da doença, o médico precisa ter o diagnóstico rapidamente, pois a diarréia por rotavírus leva à desidratação em menos de seis horas. Apesar de o tratamento ser simples, ele deve ter início imediatamente. Levantamentos feitos registram a morte de cerca de 600 mil crianças por ano em todo o mundo por rotavírus. No Brasil, a estimativa é que ocorram cerca de 850 óbitos a cada ano e mais de 300 mil internações no SUS de crianças menores de cinco anos", disse.
Trabalho premiado
A dissertação Desenvolvimento de teste diagnóstico rápido para detecção de rotavírus, realizada em Bio-Manguinhos em parceria com o Mestrado em Biologia Celular e Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), ganhou o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o Sistema Único de Saúde (SUS), edição 2006, na categoria Mestrado. A orientadora do trabalho foi a professora Jussara Pereira do Nascimento, de Bio-Manguinhos.
A premiação, oferecida anualmente pelo Ministério da Saúde e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), tem o objetivo de incentivar a produção científica com alto potencial de aplicação no SUS, de modo a contribuir para o aprimoramento dos serviços da rede pública de saúde.
Segundo Silveira, a viabilidade da produção em escala industrial do teste por ele desenvolvido foi avaliada e a produção terá início no primeiro semestre deste ano, pela empresa nacional Biodevices.
"A proposta inicial é fabricar kits para testes em campo, dispensando a utilização de equipamentos ou instalações de laboratório. Estamos apenas terminando o processo de licenciamento sanitário do produto para sua comercialização junto aos órgãos responsáveis pelo controle da doença no país", antecipa.
Silveira diz que atualmente mais de 30 testes estrangeiros estão liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para venda no Brasil. "Além desses testes custarem em média R$ 6, muitos não levam em consideração o genótipo do vírus circulante no país. Fizemos uma série de estudos comparativos na Fiocruz para trabalhar exclusivamente com os vírus que circulam entre as crianças brasileiras", afirma.
Para conhecer os outros vencedores do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS, clique aqui.
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