Sistema de visão computacional identifica partículas de ar com o fungo Guignardia citricarpa, causador da mancha preta em frutos cítricos, antes da contaminação de pomares
Sistema de visão computacional identifica partículas de ar com o fungo Guignardia citricarpa, causador da mancha preta em frutos cítricos, antes da contaminação de pomares
Agência FAPESP - Os citricultores brasileiros têm mais uma arma no combate às perdas nos laranjais. Isso porque pesquisadores da Universidade de São Paulo, em São Carlos, acabam de lançar uma nova metodologia de visão computacional capaz de identificar, de maneira precoce, o fungo causador da mancha preta nos frutos.
Causada pelo Guignardia citricarpa, a doença atinge boa parte dos laranjais brasileiros. "A mancha preta disseminou-se rapidamente pelo Brasil nas duas últimas décadas. E isso tem causado restrições na exportação de laranjas, principalmente para países da União Européia", disse Odemir Martinez Bruno, coordenador do projeto, à Agência FAPESP.
O sistema funciona por meio do software CitrusVis, desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC). A função do programa de computador, que pode ser usado com qualquer sistema de coleta disponível no mercado, é interpretar imagens das partículas do ar presente nos pomares.
Os coletores obtêm as amostras do ar e as armazenam em recipientes específicos. As imagens dos recipientes são transferidas para um computador com o auxílio de um microscópio. A partir daí o CitrusVis utiliza uma série de modelos matemáticos para detectar a presença de ascósporos, a forma embrionária do fungo Guignardia citricarpa.
"O software é capaz de reconhecer os ascósporos com 97% de acerto. Eles chegam a ficar no ar até um ano antes de infectar os pés de laranja. Na fase embrionária, com pouca quantidade de agrotóxico é possível eliminar o fungo", explica Bruno.
Segundo o pesquisador, com a possibilidade de identificar o fungo causador da mancha preta antes de ele infectar as laranjas, o sistema reduz o uso de agrotóxicos e evita perdas na safra. "O agrotóxico passa a ser colocado apenas nos locais mais contaminados ou em quantidades equivalentes ao número de ascósporos de cada plantação", diz.
A nova metodologia, que acabou de ser patenteada pelos pesquisadores, foi desenvolvida durante o trabalho de mestrado de Mário Augusto Pazoti e contou com apoio de José Dalton Cruz Pessoa, pesquisador da Embrapa Instrumentação Agropecuária, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em São Carlos (SP).
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