Apesar do aumento no número de mulheres pesquisadoras, levantamento feito com base em periódicos disponíveis no SciELO verifica que participação feminina na produção científica é de apenas 32%

Desigualdade persistente
09 de março de 2007

Apesar do aumento no número de mulheres pesquisadoras, levantamento feito com base em periódicos disponíveis no SciELO verifica que participação feminina na produção científica é de apenas 32%

Desigualdade persistente

Apesar do aumento no número de mulheres pesquisadoras, levantamento feito com base em periódicos disponíveis no SciELO verifica que participação feminina na produção científica é de apenas 32%

09 de março de 2007

Apesar do aumento no número de mulheres pesquisadoras, levantamento feito com base em periódicos disponíveis no SciELO verifica que participação feminina na produção científica é de apenas 32%

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Apesar de o número de mulheres pesquisadoras ter aumentado expressivamente nas últimas décadas no Brasil, a participação feminina na produção de artigos científicos aparentemente não tem seguido no mesmo ritmo.

Essa é uma conclusão possível a partir de estudo feito pela economista e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Hildete Pereira de Melo, que realizou um amplo levantamento sobre o gênero dos autores de artigos disponíveis na Scientific Electronic Library Online (SciELO).

Com o auxílio de André Barbosa Oliveira, graduando de economia da UFF, Hildete identificou o sexo de 83% dos autores e co-autores de artigos publicados no SciELO de 1997 a 2005. O restante da amostra (17%) não teve o sexo determinado por dificuldades em distinguir nomes femininos dos masculinos e pela ausência de informações adicionais sobre os autores, consultadas em bases como o Currículo Lattes.

Os autores do levantamento verificaram que as mulheres participavam de 32,28% dos artigos analisados. "Foram analisados, um a um, 195 mil nomes, de mais de 56 mil artigos publicados em 147 periódicos nacionais de diversas áreas do conhecimento", disse Hildete à Agência FAPESP. O SciELO, que está completando dez anos de atividades, permite atualmente acesso gratuito ao texto integral de 175 periódicos científicos.

Do total de nomes analisados, 98.302 eram de homens, 62.989 de mulheres e 33.860 ficaram indefinidos. Para Hildete, a participação feminina no SciELO pode ser considerada baixa se comparada à participação das mulheres na pesquisa científica apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Segundo a agência federal de fomento, nos últimos cinco anos o aumento de bolsistas de doutorado mulheres foi de cerca de 37%, igualando-se à participação masculina. A situação é de empate técnico: 3.694 mulheres e 3.697.

No pós-doutorado, ainda que as mulheres permaneçam em minoria, houve um aumento de 13% do número de bolsistas do sexo feminino em relação ao total de bolsas concedidas de 2001 a 2006. Do total de bolsas concedidas pelo CNPq em 2006, as mulheres respondem por cerca de 48% (26.436).

Para Hildete, ainda há um longo caminho a percorrer, levando em conta uma sociedade que deveria ser igualitária no que se refere à participação de homens e mulheres em todos setores. "Apesar dos avanços, sabemos que eles ainda não foram suficientes para que as mulheres tenham uma participação eqüitativa no meio acadêmico e profissional", afirma.

"O excesso de estereótipos e a falta de reconhecimento da contribuição feminina para o avanço da ciência ainda têm prejudicado sua ascensão", disse. O estudo mostra ainda diferenças nas carreiras científicas: as mulheres assinam mais artigos em áreas como educação, saúde e assistência social, enquanto os homens estão mais vinculados às ciências exatas.

Para ler o artigo A produção científica brasileira no feminino, disponível na biblioteca on-line SciELO (FAPESP/Bireme), clique aqui.


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