Estudo mostra as desigualdes em Minas Gerais. O Vale do Jequitinhonha é uma das regiões que abriga boa parte da população carente do estado

Desigualdade mineira
08 de outubro de 2004

Estudo desenvolvido no Departamento de Economia da Esalq mostra que um quarto da população pobre de Minas Gerais está na região metropolitana de Belo Horizonte e metade do Vale do Mucuri vive abaixo da linha da pobreza

Desigualdade mineira

Estudo desenvolvido no Departamento de Economia da Esalq mostra que um quarto da população pobre de Minas Gerais está na região metropolitana de Belo Horizonte e metade do Vale do Mucuri vive abaixo da linha da pobreza

08 de outubro de 2004

Estudo mostra as desigualdes em Minas Gerais. O Vale do Jequitinhonha é uma das regiões que abriga boa parte da população carente do estado

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - O Estado de Minas Gerais é um dos mais heterogêneos do país. Dentro das fronteiras mineiras há regiões dinâmicas que coexistem com áreas extremamente atrasadas. Compreender esse mapa da desigualdade era o principal objetivo da pesquisadora Rosycler Simão quando ela iniciou sua dissertação no Departamento de Economia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, que acaba de ser defendida.

Com base na amostra do Censo Demográfico 2000, a pesquisadora, sob orientação do professor Rodolfo Hoffmann, analisou a distribuição de renda em Minas Gerais. O resultado evidenciou ainda mais a discrepância.

"O censo mostrou que há no Estado 12 mesorregiões", disse Rosycler à Agência FAPESP. "O valor mais baixo da renda domicilar per capita se encontra no Vale do Jequitinhonha e o mais alto na Região Metropolitana de Belo Horizonte", disse. Os números relativos à renda, respectivamente, são de R$ 112,09 e R$ 350,69. "A média no Estado é de R$ 272,98."

Os números médios da renda per capita domicilar em Minas Gerais ganharam um outro significado quando a pesquisadora resolveu aplicar sobre os seus dados o índice Gini, uma das medidas possíveis para se entender a desigualdade social, que calcula a distribuição do rendimento nominal mensal das pessoas de dez anos ou mais de idade.

"A mesoregião com o menor valor para o Gini, e portanto a menos desigual, é a do oeste de Minas", disse Rosycler. Nessa área que abrange, por exemplo, o município de Divinópolis, o índice ficou em 0,530. No Vale do Mucuri – Teófilo Otoni é uma das principais cidades dessa área –, o índice de Gini atingiu o seu maior valor: 0,638.

"De maneira geral, além dessa área, as mesorregiões do Norte de Minas, Jequitinhonha, Nordeste e Metropolitana de Belo Horizonte são as que apresentam os maiores índices", explica. Com exceção de Belo Horizonte, as demais são as menos desenvolvidas de Minas. "A capital concentra os mais ricos, mas também tem um grande número de pobres."

Nos dados analisados pela pesquisadora também se pôde mapear onde a pobreza mineira está mais presente, onde as famílias vivem com menos de meio salário mínimo por mês. "Mais da metade da população das messoregiões norte, Vale do Mucuri e Jequitinhonha está nessa faixa, mas em Belo Horizonte 22,6% também estão nessa situação", adverte a pesquisadora. Dos abaixo da linha da pobreza, um quarto reside na região metropolitana de Belo Horizonte.

Entre as fontes de recursos financeiros que compõe a renda domiciliar mineira, Rosycler analisou sete tipos diferentes. Um deles, representado por programas governamentais, como o renda mínima, bolsa escola e o seguro desemprego, mostrou resultados significativos. "Eles contribuem sim para diminuir a desigualdade", afirma.


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