O deserto na Rússia avança 500 quilômetros por ano
(foto:Esa)

Desertificação natural
03 de março de 2005

Estudo mostra que bactérias que vivem em lagos salgados produzem um poluente atmosférico que afeta negativamente a vegetação. Essa via natural de impacto ambiental era desconhecida dos cientistas

Desertificação natural

Estudo mostra que bactérias que vivem em lagos salgados produzem um poluente atmosférico que afeta negativamente a vegetação. Essa via natural de impacto ambiental era desconhecida dos cientistas

03 de março de 2005

O deserto na Rússia avança 500 quilômetros por ano
(foto:Esa)

 

Agência FAPESP - Os chamados hidrocarbonetos halogenados voláteis (HHVs), substâncias que contribuem para a destruição da camada de ozônio, não são produzidos apenas pelas atividades industriais. Essa conclusão, que acaba de vir à tona, surge de uma pesquisa publicada na edição de janeiro do Geophysical Research Letters.

Um grupo de cientistas da Áustria, Rússia e África do Sul descobriu que as halobactérias que vivem nos lagos salgados do sul da Rússia também produzem os HHVs, que são liberados na atmosfera e acabam chegando em todas as partes do planeta. Como esses compostos, além de destruir a camada de ozônio e contribuir para o aumento do efeito estufa, também interagem de forma negativa com a vegetação, pode-se ter descoberto uma causa natural para o fenômeno da desertificação.

Os HHVs bloqueiam o mecanismo de fechamento dos estômatos das plantas. Portanto, quando isso ocorre, uma grande quantidade de água evapora dos vegetais. Em zonas secas, e em situações extremas, os cientistas acreditam que esse processo possa matar a planta literalmente de sede. O caminho para a desertificação, portanto, estaria aberto.

As bactérias estudadas, que vivem em lagos salgados, são uma das formas mais arcaicas de vida descobertas até hoje. Elas suportam viver em temperaturas que variam de 25ºC negativos a 35ºC acima de zero. Normalmente, não são destruídas pela radiação ultravioleta. Elas apenas não conseguem viver em águas com baixas quantidades de sal.

A região ao sul da Rússia é uma das áreas mais afetadas pela diminuição da cobertura vegetal na Europa. O deserto russo aumenta cerca de 500 quilômetros a cada ano. Além disso, um cinturão geográfico de aridez existente entre a Áustria e a China tende a crescer, segundo as últimas estimativas científicas. Os autores do estudo acreditam que essa via natural da desertificação agora descoberta poderá acelerar o processo de diminuição da vegetação se as mudanças climáticas que estão sendo detectadas seguirem o seu curso.

O artigo Sediments of salt lakes as a new source of volatile highly chlorinated C1/C2 hydrocarbons de L. Weissflog, do Departamento de Química Analítica do Centro para Pesquisa Ambiental UFZ, em Leipzig, Alemanha, e sete colaboradores, pode ser lido no endereço http://www.agu.org/pubs/crossref/2005/2004GL020807.shtml


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