Foto: Cruz Vermelha
Estudo anual da Cruz Vermelha mostra um dilema ético. As grandes campanhas de reconstrução de países em guerra, como Iraque e Afeganistão, acabam retirando recursos de regiões que precisam de apoio financeiro com maior regularidade. As próprias agências humanitárias colaboram para o processo
Estudo anual da Cruz Vermelha mostra um dilema ético. As grandes campanhas de reconstrução de países em guerra, como Iraque e Afeganistão, acabam retirando recursos de regiões que precisam de apoio financeiro com maior regularidade. As próprias agências humanitárias colaboram para o processo
Foto: Cruz Vermelha
Os números do estudo World Disasters mostram com clareza o desequilíbrio financeiro que existe entre as campanhas pontuais e os projetos mais duradouros de ajuda aos países necessitados. Em abril de 2003, US$ 1,7 bilhão foram gastos pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos no Iraque. Para combater a fome de 40 milhões de pessoas na África, as Nações Unidas conseguiram angariar apenas US$ 1 bilhão para um fundo humanitário.
As agências humanitárias também são culpadas por este desequilíbrio, diz o documento da Federação Internacional da Cruz Vermelha. Muitas vezes, em situações pontuais, como ocorreu no Afeganistão, organizações não-governamentais internacionais invadem o país e não respeitam os limites logísticos locais.
Desde a queda do regime Talibã, mais de 350 agências humanitárias entraram em Kabul. A demanda criada por aluguéis de carros e por motoristas, por exemplo, provocou uma grande inflação de preços. Enquanto o motorista da embaixada norte-americana ganha US$ 500 por mês, por exemplo, um médico que trabalha em clínicas do governo ganha US$ 45 no mesmo período.
Para conseguir mais resultados em seus objetivos de salvar vidas, as agências humanitárias deveriam se posicionar, no cenário internacional, como líderes das políticas de ajuda. Este é o caminho que o estudo recomenda para que as políticas de "combate ao terror" não se tornem prioritárias.
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