Em projeto de pesquisa que virou livro, Rosemary Conceição dos Santos mostra como o ganhador do Nobel de literatura de 1998 mistura história com ficção e recria o real 'através do filtro da subjetividade'

Desconstruindo Saramago
15 de dezembro de 2004

Em projeto de pesquisa que virou livro, Rosemary Conceição dos Santos mostra como o ganhador do Nobel de literatura de 1998 mistura história com ficção e recria o real 'através do filtro da subjetividade'

Desconstruindo Saramago

Em projeto de pesquisa que virou livro, Rosemary Conceição dos Santos mostra como o ganhador do Nobel de literatura de 1998 mistura história com ficção e recria o real 'através do filtro da subjetividade'

15 de dezembro de 2004

Em projeto de pesquisa que virou livro, Rosemary Conceição dos Santos mostra como o ganhador do Nobel de literatura de 1998 mistura história com ficção e recria o real 'através do filtro da subjetividade'

 

Agência FAPESP - "Com o Memorial do Convento, o autor propõe uma nova dimensão para a narrativa histórica, reconstituindo um vasto quadro de Portugal durante a primeira metade do século 18 e revelando esse período remoto através do olho, magicalmente crítico, da atualidade."

O autor é o escritor português José Saramago, ganhador do Nobel de literatura em 1998. A obra em questão é Memorial do Convento (1982), objeto do ensaio de Rosemary Conceição dos Santos, publicado em Saramago: Metáfora e Alegoria no Convento (Scortecci Editora).

No livro, Rosemary, doutoranda em literatura portuguesa na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), mostra como o escritor português, ao misturar ficção com história, recria o real "através do filtro da subjetividade".

A exploração saramaguiana começa a partir dos quatro elementos considerados pela pesquisadora como fundamentais na obra do autor português: "A interrogação do passado a partir do presente, a introdução de elementos maravilhosos na narrativa, a tentativa de uma linguagem que altera sua expressão gráfica e pontual e a construção de excertos metafóricos que nos permitem vislumbrar possíveis significados alegóricos."

Rosemary se baseia na definição de alegoria feita pelo alemão Walter Banjamin (1892-1940) – "a alegoria não é frívola técnica de ilustração por imagens, mas expressão, como a linguagem e como a escrita" – para mostrar como o Memorial do Convento pode ser entendido como produto final da seqüências de metáforas.

"Saramago trabalha com metáforas continuadas e, assim sendo, ordena os elementos narrativos a uma figuração seqüencial, a uma representação que nunca se fecha, nunca se totaliza e que trabalha com fragmentos de uma estilhaçada realidade barroca", diz a pesquisadora.

Como nota João Adolfo Hansen, professor da FFLCH-USP, no prefácio, Rosemary sabe que a arqueologia de Saramago não é neutra. "O fato de escolher esse ou aquele material é indicativo da perspectiva específica do seu trabalho como romancista, não como historiador, e do seu posicionamento político frente aos materiais de que dispôs."

Saramago: Metáfora e Alegoria no Convento é resultado da pesquisa de mestrado efetivada por Rosemary na Universidade Estadual Paulista, em Araraquara, para o qual contou com bolsa da FAPESP.

Saramago: Metáfora e Alegoria no Convento
Scortecci Editora - 112 páginas - R$ 29
www.scortecci.com.br


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