Alteração genética pode causar morte embrionária ou nascimento de animais com problemas respiratórios, alimentares e de crescimento ósseo. Pesquisadores da Unesp desenvolveram um teste capaz de detectar problema e evitar cruzamentos entre portadores do gene defeituoso (foto: José Paes de Oliveira Filho/FMVZ-Unesp)
Alteração genética pode causar morte embrionária ou nascimento de animais com problemas respiratórios, alimentares e de crescimento ósseo. Pesquisadores da Unesp desenvolveram um teste capaz de detectar problema e evitar cruzamentos entre portadores do gene defeituoso
Alteração genética pode causar morte embrionária ou nascimento de animais com problemas respiratórios, alimentares e de crescimento ósseo. Pesquisadores da Unesp desenvolveram um teste capaz de detectar problema e evitar cruzamentos entre portadores do gene defeituoso
Alteração genética pode causar morte embrionária ou nascimento de animais com problemas respiratórios, alimentares e de crescimento ósseo. Pesquisadores da Unesp desenvolveram um teste capaz de detectar problema e evitar cruzamentos entre portadores do gene defeituoso (foto: José Paes de Oliveira Filho/FMVZ-Unesp)
Agência FAPESP – Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu encontraram, em um gene de cavalos, uma mutação causadora de uma forma de nanismo que pode levar à morte embrionária ou ao nascimento de animais com problemas respiratórios, alimentares e de crescimento ósseo. Além da descoberta, descrita na revista Scientific Reports, os pesquisadores desenvolveram um teste para detecção do problema, de forma a evitar que a mutação seja passada adiante em cruzamentos.
“A enfermidade, conhecida como nanismo condrodisplásico, apresenta elevada prevalência em criadouros de equinos de raças pônei, uma vez que a seleção de animais de pequena estatura foi acompanhada pelo aumento da prevalência de mutações genéticas associadas a alterações musculoesqueléticas”, conta José Paes de Oliveira Filho, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ-Unesp) e coordenador do estudo.
O trabalho integra o projeto “Estudo clínico e molecular do nanismo do tipo condrodisplásico em equinos da raça Mini-Horse no Brasil”, financiado pela FAPESP, e é um dos resultados do doutorado de Danilo Giorgi Abranches de Andrade na FMVZ-Unesp.
Oliveira Filho explica que um grupo de equinos de baixa estatura é identificado pela palavra pônei, mas que esta não significa necessariamente uma raça de cavalo. “Existem diversas raças de pônei no mundo, sendo uma delas a Mini-Horse brasileira. Além dos relatos nas raças pônei, o nanismo também já foi descrito em equinos da raça Friesian”, conta o pesquisador.
As características fenotípicas mais evidentes, e que ajudam a diferenciar os animais afetados dos saudáveis, são a baixa estatura, o corpo desproporcional com alterações cranianas, prognatismo (mandíbula projetada para frente) e membros tortuosos.
Mutação
“Quatro mutações causadoras do nanismo condrodisplásico já haviam sido descritas antes do início da nossa pesquisa e estão localizadas no gene aggrecan [ACAN]. Porém, a genotipagem de animais clinicamente afetados provenientes de fazendas no interior de São Paulo não detectou nenhuma dessas mutações, o que nos levou a suspeitar de que haveria outra mutação ainda não descrita nesse ou em outro gene”, explica Andrade.
Os pesquisadores então sequenciaram o RNA mensageiro codificado pelo gene ACAN dos equinos com nanismo condrodisplásico à procura de alterações genéticas que pudessem explicar o fenótipo dos indivíduos afetados. Foi encontrada uma substituição de uma base nitrogenada que acarretava a troca de um aminoácido por outro e, consequentemente, na perda de função da proteína codificada pelo gene e no aparecimento dos sinais clínicos.
Além disso, levando em consideração as frequências alélicas das cinco mutações, o estudo estimou que a prevalência de equinos da raça Mini-Horse clinicamente afetados (anões/homozigotos) e de carreadores da mutação (heterozigotos) no Brasil foi de 15,4% e 47,7%, respectivamente.
Os pesquisadores patentearam um teste capaz de identificar o genótipo e buscam parceiros para comercializar o produto, que vai ajudar criadores a selecionar os acasalamentos e a evitar que a mutação seja passada para as próximas gerações.
“Como a doença apresenta caráter autossômico recessivo, mesmo os progenitores que apresentam fenótipo normal podem ser portadores da mutação. A implementação desse teste será imprescindível na orientação dos acasalamentos de animais destinados à reprodução, podendo diminuir a prevalência e a ocorrência do nanismo condrodisplásico, evitar o nascimento de cavalos anões, perdas de matrizes e potros e, consequentemente, favorecer o bem-estar animal nas criações de cavalos de raças pônei”, encerra Oliveira Júnior.
Outra coautora do artigo apoiada pela FAPESP foi Roberta Martins Basso, que teve bolsa de mestrado.
O artigo Evaluation of a new variant in the aggrecan gene potentially associated with chondrodysplastic dwarfism in Miniature horses, de Danilo Giorgi Abranches de Andrade, Roberta Martins Basso, Angelo José Magro, Renée Laufer-Amorim, Alexandre Secorun Borges e José Paes de Oliveira-Filho, pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41598-020-72192-3.
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