Pesquisadora lança livro com reflexões sobre temas da metapsicologia freudiana e da clínica psicanalítica atual, como o desamparo terrífico
Pesquisadora lança livro com reflexões sobre temas da metapsicologia freudiana e da clínica psicanalítica atual, como o desamparo terrífico, segundo a autora "efeito da experiência de impotência ou desamparo elevada a um ponto radical"
Pesquisadora lança livro com reflexões sobre temas da metapsicologia freudiana e da clínica psicanalítica atual, como o desamparo terrífico, segundo a autora "efeito da experiência de impotência ou desamparo elevada a um ponto radical"
Pesquisadora lança livro com reflexões sobre temas da metapsicologia freudiana e da clínica psicanalítica atual, como o desamparo terrífico
Agência FAPESP – Problematizar a noção metapsicológica do desamparo (hilflosigkeit, em alemão) em Sigmund Freud (1856-1939), a fim de obter subsídios para melhor compreensão das manifestações clínicas atuais, bem como dos efeitos do mal-estar que marca, na contemporaneidade, a relação dos sujeitos com a cultura.
Essa é proposta geral do livro Desamparo, da psicanalista Lucianne Sant’Anna de Menezes, lançado nesta quarta-feira (18/6), na Livraria Casa do Psicólogo, em São Paulo. O livro é o segundo a ser publicado com base em trabalho de mestrado defendido no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e nas reflexões teóricas durante o exercício clínico da autora.
O primeiro livro foi Pânico: efeito do desamparo na contemporaneidade. Um estudo psicanalítico, lançado em 2006 com apoio da FAPESP na modalidade Auxílio a Publicação.
A nova obra se caracteriza como uma releitura que aborda o tema do desamparo em sua origem, desde o nascimento do indivíduo, tratando questões como o ideal de ego e superego, passando pela discussão da origem da ética e da moral social. Para isso, a autora trafega por diversas obras de Freud em busca de referências que possam remeter à tragédia do desamparo.
"O livro promove reflexões sobre temas fundamentais da metapsicologia freudiana e da clínica atual. São inquietações a respeito de uma situação emocional marcante em vários analisantes, tanto em homens como em mulheres. De uma maneira geral, são abordados temas da clínica psicanalítica contemporânea, como o desamparo terrífico, que é um efeito da experiência de impotência ou desamparo elevada a um ponto radical", explicou a autora.
Lucianne explica que a hilflosigkeit freudiana expressa a dimensão fundamental e insuperável sobre a qual repousa a vida humana: a condição de existência do sujeito nas civilizações é apoiada em uma condição de desamparo do psiquismo. "Construímos a civilização em uma tentativa de diminuir nossa hilflosigkeit diante das forças da natureza, dos enigmas da vida e sobretudo da própria morte", destacou.
Sob esse prisma, continua a autora, que atualmente desenvolve doutorado também tendo no tema do desamparo um dos pilares fundamentais, a clínica psicanalítica implica um trabalho com o sujeito em face de seu desamparo, do exercício de reinventar para si novos destinos para seu desamparo e, assim, tornar sua existência possível.
"Possibilitar ao sujeito conviver com sua hilflosigkeit faz com que ele possa procurar destinos criativos para o desamparo. Essa é a direção da cura na clínica psicanalítica e, ao mesmo tempo, um dos maiores impasses no exercício de psicanalizar, principalmente na atualidade, tendo em vista que o sujeito contemporâneo, ao vivenciar uma subjetividade que privilegia processos psíquicos narcísicos, acaba por evitar o confronto com o desamparo", aponta Lucianne.
Segundo ela, frente a sua situação de desamparo, o sujeito contemporâneo tece arranjos e negociações subjetivas que podem privilegiar três elementos: o masoquismo, a servidão e a violência. O livro lança a hipótese de que na experiência do desamparo terrífico estaria em jogo o masoquismo como figura da servidão.
"Nesse ponto de vista, o masoquismo seria uma modalidade subjetiva em que o sujeito se submete de modo servil a um outro, como forma de se proteger do desamparo terrífico. O que vem em primeiro plano não é o gozo com a dor, mas a posição de humilhação na relação com o outro. A dor é uma conseqüência da posição servil e submissa diante do outro e não um objetivo a ser alcançado. O objetivo, na verdade, é se proteger do desamparo", disse Lucianne.
O livro Desamparo integra a coleção Clínica Psicanalítica, da editora Casa do Psicólogo, cujas obras tratam das mais diversas formas de manifestações do sofrimento psíquico, integrando aos elementos teóricos freudianos as questões da clínica contemporânea.
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