Em simpósio realizado na 57ª Reunião da SBPC, especialistas do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo apontam preocupações decorrentes do aumento de aplicações de células-tronco

Desafios da terapia celular
22 de julho de 2005

Em simpósio realizado na 57ª Reunião da SBPC, especialistas do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo apontam preocupações decorrentes do aumento de aplicações de células-tronco

Desafios da terapia celular

Em simpósio realizado na 57ª Reunião da SBPC, especialistas do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo apontam preocupações decorrentes do aumento de aplicações de células-tronco

22 de julho de 2005

Em simpósio realizado na 57ª Reunião da SBPC, especialistas do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo apontam preocupações decorrentes do aumento de aplicações de células-tronco

 

Por Karin Fusaro

Agência FAPESP - A aprovação da Lei de Biossegurança no início do ano tem motivado os pesquisadores que pretendem trabalhar com células-tronco embrionárias. Porém, enquanto esse tipo de pesquisa não se torna corriqueiro, são os trabalhos com células-tronco adultas, extraídas da medula óssea ou do cordão umbilical de recém-nascidos, que continuam ganhando espaço e apresentando bons resultados nos tratamentos de doenças.

De acordo com os pesquisadores que participaram do simpósio Células-tronco: dilemas e perspectivas no tratamento de doenças crônicas, na 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza, os principais desafios hoje são saber o que ocorre com o paciente depois do transplante, como as células se desenvolvem e como a pessoa reage ao longo do tratamento.

"A estratégia é promissora, mas depende de experimentação exaustiva. Precisamos entender mais sobre a biossegurança dessas aplicações", disse Carlos Alberto Moreira-Filho, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP).

Os participantes do simpósio mostraram os resultados de terapias com células-tronco adultas em áreas da saúde bastante onerosas para o sistema público: a cardiologia e a neurologia. "Não temos evidências de que as células-tronco vão substituir neurônios lesados por acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi), mas eles podem atenuar as seqüelas do paciente", disse Rosália Mendez Otero, pesquisadora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e do Instituto do Milênio de Bioengenharia Tecidual (IMBT).

Depois de testes pré-clínicos em ratos, o Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) aprovou, em outubro de 2004, o uso da terapia com células-tronco de medula óssea no tratamento de AVCi em dez pacientes. Inicialmente, os testes têm o objetivo de comprovar a segurança da terapia, e não sua eficácia.

"Até o momento, cinco pacientes foram tratados e nenhum deles apresentou intolerância, novos derrames ou episódios de epilepsia", disse Rosália. Segundo ela, novos testes clínicos foram aprovados em Porto Alegre, Salvador e estão em negociação com o Conep para realização em Campinas.

José Geraldo Mill, professor da Universidade Federal do Espírito Santo e do IMBT, mostrou resultados positivos também na área de cardiologia. "Existem dois desfechos para pacientes com infarto no miocárdio. Um deles é a morte súbita, o outro é a insuficiência cardíaca que vai acompanhar a pessoa para o resto da vida", disse.

Segundo o pesquisador, 16 pacientes com insuficiência cardíaca severa submetidos ao tratamento com células-tronco conseguiram, em um ano, melhorar em 6% sua capacidade cardíaca. Mill ressalta que esse índice não representa cura, mas sim a melhora da qualidade de vida do paciente.


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