Derivados do sangue em escala industrial
22 de abril de 2008

Governo de São Paulo autoriza a construção, na sede do Instituto Butantan, da primeira Unidade de Processamento de Plasma do Brasil, na qual serão produzidos, a partir de 2010, hemoderivados utilizados no tratamento de doenças como hemofilia e Aids

Derivados do sangue em escala industrial

Governo de São Paulo autoriza a construção, na sede do Instituto Butantan, da primeira Unidade de Processamento de Plasma do Brasil, na qual serão produzidos, a partir de 2010, hemoderivados utilizados no tratamento de doenças como hemofilia e Aids

22 de abril de 2008

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – O governador do Estado de São Paulo, José Serra, assinou no dia 17 contrato para a construção da primeira Unidade de Processamento de Plasma do Brasil, que funcionará na sede do Instituto Butantan, na capital paulista.

A partir do processamento industrial do plasma de sangue humano, a fábrica produzirá hemoderivados como albuminas, imunoglobulinas e fatores de coagulação, que são utilizados, isoladamente ou por meio de transfusão de sangue, no tratamento de doenças como as infecciosas, hemofilia e Aids.

A estimativa é que a fábrica tenha capacidade para processar, anualmente, 150 mil litros de plasma, sendo que os hemoderivados deverão atender a região Centro-Sul do país, principalmente o Sistema Único de Saúde (SUS). Para Otávio Mercadante, diretor do Instituto Butantan, grande benefício ao país gerado pela fábrica será a produção nacional desses produtos, que atualmente são importados da Europa.

"Hoje temos que enviar o plasma sangüíneo coletado no Brasil para o exterior, onde esse material é processado e retorna. O Ministério da Saúde gasta por volta de US$ 400 milhões por ano com a importação desses hemoderivados que em breve começarão a ser produzidos na fábrica. A construção das instalações físicas deve ter início dentro de uma ou duas semanas, com previsão de término em 18 meses", disse Mercadante à Agência FAPESP.

Segundo ele, os derivados do sangue serão produzidos na fábrica por meio de cromatografia, processo tecnológico que utiliza uma coluna cilíndrica contendo resinas sintéticas que purificam e separam do plasma as proteínas de interesse médico. Esse procedimento utiliza resinas distintas para separar as proteínas de acordo com características como rejeição à água e atividade biológica.

"O plasma é uma matéria-prima humana da qual são extraídas uma série de proteínas, como a albumina, que é usada principalmente no tratamento de queimaduras e doenças que fazem com que o paciente perca quantidade elevada de líquidos. Já as imunoglobulinas protegem o organismo contra raiva, tétano e difteria", explicou.

O início da construção da unidade, que terá 10 mil metros quadrados localizados dentro do instituto paulista, será feito com o investimento de R$ 57 milhões concedidos pelo governo paulista, por meio da Secretaria Estadual de Saúde.

"Calcula-se que serão gastos R$ 140 milhões em toda a obra e na aquisição dos equipamentos. O restante do financiamento deverá ser adquirido junto à Fundação Butantan e ao Ministério da Saúde, que é o órgão que vai economizar com a substituição das importações. De acordo com o projeto da fábrica, em dois anos deveremos ter todo o retorno dos investimentos", afirmou o diretor do Instituto Butantan.

A inovação tecnológica é, também, segundo Mercadante, um ponto que caracteriza a fábrica. "Essa é a primeira planta no Brasil que pretende desenvolver, com base em tecnologias de processamento de plasma já dominadas e criadas pelo próprio Instituto Butantan, uma ampla linha de produtos estratégicos para o país", disse.

"Esses hemoderivados são produzidos por poucos laboratórios no mundo, o que gera uma espécie de oligopólio e faz com que altos preços sejam impostos aos países que ainda não os produzem", destacou.


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