Entre as 583 pessoas que participaram do estudo, a média de sintomas depressivos foi de 3,4 por participante
Foto: Eduardo Cesar

Depressão na terceira idade
03 de agosto de 2004

Pesquisa realizada pelo psiquiatra Fernando Gazalle, da Universidade Federal de Pelotas (UFPL), mostra que é necessário o desenvolvimento de instrumentos mais eficientes para identificar e tratar a depressão em idosos

Depressão na terceira idade

Pesquisa realizada pelo psiquiatra Fernando Gazalle, da Universidade Federal de Pelotas (UFPL), mostra que é necessário o desenvolvimento de instrumentos mais eficientes para identificar e tratar a depressão em idosos

03 de agosto de 2004

Entre as 583 pessoas que participaram do estudo, a média de sintomas depressivos foi de 3,4 por participante
Foto: Eduardo Cesar

 

Por Kárin Fusaro

Agência FAPESP - Contar várias vezes aquela velha história da família, perder o sono e o apetite. Por falta de conhecimentos, sinais como estes têm sido erroneamente associados à demência entre idosos. No entanto, em muitos casos eles são indícios de que a pessoa com mais de 60 anos apresenta um quadro depressivo característico.

"O erro ocorre porque os sintomas de depressão em pessoas na terceira idade são muito diferentes dos apresentados entre a população mais jovem", disse o psiquiatra Fernando Gazalle à Agência FAPESP. Autor do artigo Sintomas depressivos e fatores associados em população idosa no sul do Brasil, Gazalle afirma que a depressão é bastante difícil de ser mensurada já que seu quadro é composto por sinais que traduzem sentimentos de diferentes intensidades.

Disposto a determinar a freqüência de alguns sintomas da doença em idosos moradores do município de Pelotas, Gazalle, que fez seu estudo na Universidade Federal de Pelotas, elaborou um questionário inédito na literatura médica. A partir de um levantamento censitário foram entrevistas 583 pessoas das 612 possíveis, sendo o percentual de perdas e recusas de 4,7%.

Os entrevistadores quiseram saber se no mês anterior à pesquisa os idosos da cidade sentiram, durante a maior parte do tempo, tristeza, ansiedade, perda de energia, dificuldade para dormir, tiveram "ruminações" sobre o passado – como os pesquisadores denominaram a atitude de relembrar episódios da vida –, falta de disposição no cotidiano ou acharam que os familiares davam menos importância às suas opiniões do que quando eram mais jovens. A pesquisa também levou em consideração variáveis como sexo, idade, situação conjugal, escolaridade, envolvimento em atividades remunerada, comunitária ou esportiva e morte de familiar próximo nos últimos anos.

A média de sintomas depressivos por participante foi de 3,4, sendo que o mais freqüentemente relatado foi a falta de disposição para realizar atividades habituais (73,9%). A reclamação menos freqüente foi a de que as opiniões do idoso não são mais tão importantes para os familiares (27,6%).

Os grupos que apresentaram maiores médias de ocorrência de sintomas de depressão foram, respectivamente, mulheres, indivíduos mais velhos, indivíduos com menor escolaridade, sem trabalho remunerado, fumantes e aqueles que tiveram a perda de algum familiar ou pessoa próxima no último ano.

Pela alta incidência de sintomas ligados ao quadro depressivo, o estudo defende que é necessário o desenvolvimento de uma sintomatologia específica para idosos. Entre os diversos transtornos que afetam pessoas na terceira idade, a depressão é importante de ser estudada porque incapacita o indivíduo acometido por ela, tanto para o trabalho quanto socialmente.

Aluno de doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), o psiquiatra Fernando Gazalle dedica-se agora ao estudo do transtorno bipolar. Conhecido anteriormente como psicose maníaco-depressiva, o distúrbio se caracteriza por alterações de comportamento que oscilam da depressão à euforia.

O artigo Sintomas depressivos e fatores associados em população idosa no sul do Brasil está disponível na biblioteca eletrônica Scielo (Bireme/ FAPESP). Clique aqui para ler o texto integral.


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