Simpósio na SBPC alerta que o Brasil não tem medicamentos que tenham sido desenvolvidos inteiramente no país

Dependência química
22 de julho de 2004

Brasil não tem medicamentos que tenham sido desenvolvidos inteiramente no país, alerta simpósio na SBPC. Para João Batista Calixto, da UFSC, isso ocorre pois as empresas nacionais não têm tradição de investir em pesquisa básica e dependem de formulações oriundas de países desenvolvidos

Dependência química

Brasil não tem medicamentos que tenham sido desenvolvidos inteiramente no país, alerta simpósio na SBPC. Para João Batista Calixto, da UFSC, isso ocorre pois as empresas nacionais não têm tradição de investir em pesquisa básica e dependem de formulações oriundas de países desenvolvidos

22 de julho de 2004

Simpósio na SBPC alerta que o Brasil não tem medicamentos que tenham sido desenvolvidos inteiramente no país

 

Por Thiago Romero, de Cuiabá

Agência FAPESP - De um mercado que movimenta US$ 375 bilhões por ano em todo o mundo, não existe um único medicamento 100% brasileiro, considerando todas as etapas de produção de um fármaco.

"O Brasil não possui nenhuma droga que tenha sido completamente desenvolvida no país. Cerca de 80% da matéria-prima é importada e aqui apenas se formula o medicamento", revelou a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Maria das Graças Henriques, durante o simpósio "Redes Temáticas e Produção de Fármacos no Brasil", na tarde de quarta-feira (21/7), 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Cuiabá.

Além disso, o setor no país conta com 250 empresas de capital nacional e estrangeiro que pouco – ou nada – investem em pesquisa e desenvolvimento. "Essa tradição se deve porque até 1998 as indústrias nacionais copiavam as patentes livremente, fazendo com que os empresários não sentissem a necessidade de procurar a universidade", afirmou o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), João Batista Calixto. "Os empresários são muito imediatistas e foram treinados para copiar patentes."

Trata-se de um parque industrial moderno, mas com pouca capacidade de inovação, uma vez que as universidades e os centros de pesquisa farmacêutica abrigam 90% dos cientistas que produzem conhecimento qualificado nesta área.

"A indústria não cria novos fármacos e por isso não emprega pesquisadores para desenvolver pesquisa básica", lamenta Calixto. Além da ausência de cientistas na indústria brasileira, os empresários não investem no desenvolvimento de novas drogas por acreditarem que o processo envolva altos custos e riscos.

Mas, para Calixto, o Brasil tem motivos de sobra para investir na produção de drogas nacionais. Um deles seria o fato de o país contar com 65% do mercado de fármacos da América Latina. "O Brasil precisa capacitar recursos humanos que possam atuar em todas as etapas do ciclo de produção de um medicamento. Só assim conseguiremos garantir a auto-suficiência da produção nacional em escala global", acredita.


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