Pesquisa da UnB aponta que a má-postura e os altos níveis de estresse afetam a saúde dos dentistas (foto: Un. Sydney)

Dentistas também sofrem
01 de fevereiro de 2005

Pesquisa da UnB aponta que a má-postura e os altos níveis de estresse afetam a saúde dos dentistas. A categoria ocupa um dos primeiros lugares em afastamentos do trabalho entre os profissionais da área de saúde

Dentistas também sofrem

Pesquisa da UnB aponta que a má-postura e os altos níveis de estresse afetam a saúde dos dentistas. A categoria ocupa um dos primeiros lugares em afastamentos do trabalho entre os profissionais da área de saúde

01 de fevereiro de 2005

Pesquisa da UnB aponta que a má-postura e os altos níveis de estresse afetam a saúde dos dentistas (foto: Un. Sydney)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Uma dissertação defendida no Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) indica que não são apenas os pacientes que sofrem dentro dos consultórios dentários. A saúde dos cirurgiões dentistas também sai bastante prejudicada após as longas jornadas de trabalho.

A fisioterapeuta Denise Rasia analisou o trabalho diário de seis endodontistas – especialistas em tratamento de canal –, que trabalham em Brasília. Cada profissional apresentava de quatro a vinte anos de experiência em consultório próprio. A metodologia empregada foi a da "análise ergonômica da atividade", onde o trabalho dos profissionais foi acompanhado diariamente, durante cinco meses.

Dos seis entrevistados, quatro apresentaram dores constantes. A pesquisadora verificou que a rotina de consultas sem intervalos e a permanência na mesma posição por muito tempo agravou os distúrbios osteomusculares relacionados com o trabalho (Dort). A dissertação aprovada na UnB foi orientada pelo professor Mário César Ferreira.

"Além dos dentistas analisados diariamente, conversei com vários outros profissionais e pude verificar que essa é uma realidade que se repete em muitos consultórios", disse Denise à Agência FAPESP. Segundo a pesquisadora, as queixas de dores nas costas, ombros e braços, por exemplo, contribuem para que os dentistas ocupem um dos primeiros lugares em afastamentos do trabalho entre os profissionais da área de saúde.

"Os cirurgiões-dentistas respondem por aproximadamente 30% das causas de abandono prematuro das atividades médicas, quando comparados com enfermeiros, médicos e fisioterapeutas", revela Denise.

De acordo com o estudo, tendinites ou tenossinovites de punho foram as doenças mais comuns relacionadas aos movimentos repetitivos dos dentistas. Além disso, os tendões dos dedos sofrem intenso desgaste que pode causar inflamações e edemas. "Isto ocorre porque na maioria das consultas não há uma pausa para o descanso do dentista", afirma.

Segundo a pesquisadora, além dos problemas musculares os dentistas também sofrem com problemas como depressão e estresse. "Há uma falta de reconhecimento muito grande por parte dos pacientes com relação ao trabalho dos dentistas", disse Denise. "Além de que muitos reclamam da questão financeira, principalmente no que se refere aos convênios, que pagam valores irrisórios por procedimento odontológico, o que acaba gerando altos níveis de estresse no trabalho."


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.